Entrei. Logo da entrada dei com ela. Se eu já a conhecia? Perguntam bem. Claro que sim, mas… Deus meu, nunca a posso esquecer. Estou a vê-la, linda e fresca. Não tinha uma imagem destas, faz muito tempo. Felizmente que estas coisas acontecem assim, logo de caras, também aos distraídos. Acabei por fixar o olhar nela. Será que alguém já lhe deitou o olho? Claro… dá nas vistas, é vistosa…
Para não parecer interessado logo de afogadilho, nestes locais não se pode mostrar interesse imediato, desloquei-me para uma banca, mas perto dela, para comprar o que necessitava, para já, o que constava na minha lista. É, tenho uma lista… Entretanto, não lhe tirei os olhos de cima, até porque, como ela estava, nunca a tinha visto, bem exposta aos olhos de todos… Claro… Enxuta, linda. Fui andando, comprando… Tchi, meu Deus, deixei de a ver… Muita gente, como é evidente, nestes locais, entre os dois… Espero que não vá, ou tenha alguém agora… a “meter-se” com ela. É bem feito! Nunca tomo uma atitude rápida, firme e depois? É, perco sempre muita coisa. É para não ser atrasado na oportunidade das decisões. Bom, mas neste caso é mais… digamos, “melindroso”… se calhar não é, se tomar uma atitude mais célere, deixa de o ser.
Passei para outra banca no mercado, tendo o cuidado que dali visse o local onde a vi pela primeira vez e… graças a Deus, ainda por ali está, ninguém se “meteu” com ela. É linda mesmo. Fiz as compras constantes da lista e dirigi-me para junto da banca onde a vi.
Meti conversa. Ainda bem que quem me respondeu não estava a perceber bem o que eu queria. Pareceu-me. Não seria para menos, não quis alertar ninguém… Uma resposta me foi dada por uma vendedora que estava afastada, um pouco, da banca. Passou ao lado do homem que estava perto de mim, a quem eu tinha dirigido a palavra, mas sem ser muito claro, e veio para mais perto. A vendedora não se apercebeu do meu olhar insistente. Não lhe dei a notar que estava interessado “nela”. Sabem como é nestes locais. É só darem conta do nosso interesse e já nos estragam as “pretensões”. Mantive-me calmo. Não lhe queria ouvir algum “desaforo”. Afinal, o homem acabou por “topar a ideia no meu olhar” e, não sendo indelicado com a senhora que me tinha respondido, olhou para ela, seja, aquela que me interessava, e sorriu… bom, confesso que não pensei que fosse assim tão fácil… Não é que ela correspondeu e deixou-se manobrar? Nem todos os encontros são assim, fáceis.
Levei-a, e já em casa, pelo sim, pelo não, existem doenças que se transmitem facilmente, lavei-a cuidadosamente. Admirei-lhe a frescura, até era mais alta do que eu estava habituado. Gostei. Cheirei-a… aquele odor não me desiludiu.
Desculpem, mas não resisti, meti-a onde deu mais jeito, e onde ela brilha sempre, levei-a gentilmente para a minha mesa, e enquanto trinchava parte de um pato assado, de véspera, preparei-me para a comer como devia ser, e eu sei. Comi-a ali mesmo.
Normalmente meto-lhe orégãos. É que a rúcula fica muito mais interessante, ao lado de pequenos troços de alface e de tomate. Bom, muito eu gosto de rúcula, possui antioxidantes e é anti-inflamatória, sobretudo tem poderes para uma boa protecção celular.




