TERRAS DO VALE ENCANTADO

Convite para uma visita a Tarouca

0
720

Designa-se hoje por Vale Encantado um amplo território do concelho dúrio-beirão de Tarouca, lá onde a riqueza e a fragância da terra vão de par com uma singular riqueza monumental, que, vinda da Idade Média, perdura com os naturais estragos do tempo e dos homens, que hoje se redimiram recuperando, tanto quanto possível, esse património que ilumina uma fecundíssima história.

O Rio Varosa e outros cursos de água, que, através dele, chegam ao Rio Douro regam uma boa extensão de terra, onde se alimenta o gado e onde, agora, uma das culturas mais significativa é a da baga de sabugueiro, exportada, depois de seca, para diversos países do Centro da Europa.

Para além da paisagem, do cultivo da terra e da criação de gado é singular a oferta turística credenciada por um singular número de monumentos que constituem Património de valia, alguns de entre eles classificados como “Monumento Nacional”. De alguns trazemos hoje registo breve – que sirva de convite para gostosa visita.

Começamos por lembrar o Mosteiro Cisterciense de S. João de Tarouca, levantado no século XII, mas cujo casario cresceu ao jeito de cidade, onde, na envoltura da monumental igreja, se desenrolavam as construções de cozinha e amplos refeitórios, onde ainda se levanta a espantosa ruína de um dos gigantescos dormitórios e todas aquelas adjacências que configuravam os passos da vida dos monges. Quase tudo desventrado após a extinção das Ordens Religiosas, em 1834, de que se salvou o monumental edifício da igreja:

            – suas naves povoadas de altares;

            – a amplidão do altar maior com seu revestimento de azulejos;

            – a sacristia com seu mobiliário;

            – e, numa das naves, o gigantesco túmulo de D. Pedro, filho bastardo de D. Dinis, Conde de Barcelos.

Mosteiro Cisterciense de S. João de Tarouca

D. Dinis morreu ali perto, no retiro de seus Paços de Lalim, onde se terá entregue a uma singular obra literária que muito enriquece o nosso panorama cultural medieval.

Não fica longe o Mosteiro Cisterciense de Salzedas, cuja edificação, do século XII, se deve a D. Teresa Afonso, esposa de D. Egas Moniz, o aio de D. Afonso Henriques.

Mosteiro Cisterciense de Salzedas

Dele resta a ampla igreja com sua histórica sacristia. A fachada, levantada no século XVIII, já não pôde receber as duas torres programadas. Há ainda o claustro e outras dependências, onde um pequeno museu guarda memórias das vivências monásticas.

Não muito longe, sobre o curso do Rio Varosa, levanta-se a Ponte-Torre da Ucanha, que um dos abades do mosteiro fez levantar, em 1465, para recolha de impostos sobre pessoas e bens que ali entravam.

Ponte-Torre da Ucanha

De Ucanha foi natural José Leite de Vasconcelos, figura de relevo nacional, que conhecemos como fundador do Museu Nacional de Etnologia, paredes meias com o Mosteiro dos Jerónimos.

Do outro lado do rio Varosa fica Dalvares e o velho Paço de Dalvares.

Paço de Dalvares

De boa cantaria na fachada principal, atribui-se a sua origem à família de Egas Moniz, honra que cai na obscuridade ainda no séc. XIII. Os seus descendentes aí terão habitado até 1894, quando a ruína se instala. Adquirido em 1994 e recuperado pela Câmara Municipal de Tarouca a partir de 2004, é inaugurado, no ano de 2006, pela Ministra da Cultura, já que é essa a missão a que foi destinado. Solar cujas paredes ajudam a contar uma história e onde se realizam encontros e exposições. Aí tem sede a Confraria do Espumante, onde se acolhem o Museu do Espumante, a Rota dos Vinhos de Cister e a Comissão Vitivinícola de Távora-Varosa.

Pode visitar-se ainda a Igreja Matriz da cidade de Tarouca, reveladora de seu original estilo românico-gótico, com a presença do manuelino, guardiã que também é do túmulo do 1.º Conde de Tarouca.

Igreja Matriz de Tarouca

Nas vizinhanças, o dito Arco de Paradela, que parece perdido na paisagem, constitui ainda um enigma. O monumento de traça românica pode ter permanecido como memória da paragem do féretro de D. Pedro, Conde de Barcelos, no percurso entre o seu Paço de Lalim e a Igreja de Salzedas. Pode ter sido, com mais dois semelhantes desaparecidos, indicação dos limites dos coutos do Mosteiro vizinho ou, tão só, monumento funerário de notável figura local.

Arco de Paradela

Vinhos, espumante, uma rica gastronomia local e tranquilos espaços de hospedagem garantirão a quem vier a estas terras uma salutar e proveitosa visita.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui