Saliente-se que o conjunto das inscrições romanas duma cidade permite compreender melhor quem foram os seus habitantes, se cidadãos, se servos, se libertos, que funções exerceram há dois mil anos, que divindades veneraram…. É toda uma cidade que vem à luz do dia, por via desses, aparentemente modestos, letreiros.
Justificava-se a publicação desta colecção, estudada agora com novas técnicas e mui renovados conhecimentos, porque o volume mais completo sobre essas inscrições viera a lume, também pela Imprensa Municipal, precisamente há 80 anos, em 1944, graças ao labor de Augusto Vieira da Silva. De então para cá, não só novos monumentos se descobriram como, sobretudo, outras metodologias mais eficazes se lograram adoptar, nomeadamente no âmbito fotográfico, trabalho que se fica a dever, agora, de modo especial, ao fotógrafo José Vicente. São, ao todo, 190 epígrafes, 432 páginas.
Elisabete Gama – que, no volume, apresenta a biografia de Augusto Vieira da Silva – manifestou o seu apreço pelo trabalho desenvolvido sob orientação dos autores do volume: Amílcar Guerra, José d’Encarnação, José Cardim Ribeiro e Sílvia Teixeira.
Coube a Amílcar Guerra agradecer, em nome dos autores, toda a ampla colaboração prestada, nomeadamente pelos serviços camarários adscritos ao projecto. Este volume, dedicado às inscrições do aro urbano da cidade, é o 1º duma série de três, estando previsto que, em 2025, se publique o conjunto das inscrições romanas encontradas no termo de Olisipo, ou seja, no território dos actuais concelhos limítrofes, augurando-se que, em 2026, a série se complete com os elementos em falta e textos de síntese.
O projecto Lisboa Romana acabou por ter diversas vertentes e acareou entidades não propriamente do foro histórico-arqueológico, que se disponibilizaram a dar um contributo complementar. Assim, desta feita, a Adega Banda de Além, sita na Quinta de Palhais (Barreiro), esmerou-se a preparar dois vinhos brancos, à maneira romana – como Adelino Martins, o seu responsável, fez questão de frisar. Vinhos aromatizados (com poejos, alecrim e outras ervas aromáticas), que os presentes saborearam, com agrado, servidos em copos de barro à romana, especialmente confeccionados para o efeito numa das olarias de S. Pedro do Corval. Brindou-se, pois, ao sucesso da iniciativa.