Podia lá ser! Cascais não era capital de nada?
Bem diligenciou Nuno Lima de Carvalho, ao organizar, no Casino Estoril, a Semana Gastronómica da Baía, a Semana Gastronómica da Galiza e outras, no sentido de descobrir em que é que Cascais se poderia distinguir, do ponto de vista gastronómico. Havia as areias de Cascais, apontou-se algo do mexilhão, mas… nada!
Daí o aparecimento – com roupagens estrangeiras (o que é uma pena, digo eu) – o food_lab, o Cascais Food Lab, que «visa a promoção, incentivo e desenvolvimento do empreendedorismo, potenciando a política de promoção da oferta gastronómica de excelência do Município e apostando no Turismo gastronómico, sector emergente no mercado nacional e internacional».
Tem a loja 8 no Mercado da Vila, Cláudia Mataloto como dinamizadora, desenvolve iniciativas e aposta na marca Terras de Cascais ancorada nas válidas experiências em curso na Quinta do Pisão.


O Dia Mundial da Alimentação
Assim, para comemorar o Dia Mundial da Alimentação (16 de Outubro), foi organizado, no Casal Saloio de Outeiro de Polima, o evento Cultura à Mesa, «Cultura e Cozinha Saloia». Assinou-se protocolo de cooperação com a Universidade Europeia. Fez-se prova de vinhos, em que estiveram presentes membros da Confraria do Arinto de Bucellas e preparou-se um jantar, cuja ementa não desdenhou – nem por sombras! – a mais requintada ementa de qualquer restaurante cheio de estrelas Michelin:
– como aperitivo, isto é, amuse-bouche (claro, tinha de haver um toque estrangeiro, para dar sainete!), «pão saloio de fermentação natural com azeite e manteiga aromatizada com ervas da horta da Quinta do Pisão»;
– entrada: «texturas de nabo com hortícolas da Quinta do Pisão e queijo de ovelha»;
– peixe: «bacalhau com crosta de ervas, puré aveludado de tubérculos e infusão de limão e tomilho»;
– carne: cataplana de porco com castanhas (a partilhar);
– sobremesa: tarte tartine de maçã reineta caramelizada com alfazema e crocante de amêndoa»;
– petitfour (Uau! Voltamos à língua francesa!…): areias de Cascais com café.
Anote-se que – para não ficar atrás de Oeiras, que criou uma ‘marca’ de vinho – nós temos… os Casca Wines! Ora toma!…
E, assim, com o mote de «se a vida te der limões… faz caviar», cá vamos… fazendo caviar!


Cada comensal houve gentil oferta de um pão «feito com farinha de trigo barbela biológica, cultivado em Cascais com práticas regenerativas e cozido em forno de lenha na Horta do Pisão».


Dias mais tarde, não resisti e fui de abalada até à Quinta, que regurgitava de gente, muita pequenada e ar saudável.
Cascais – saloia e chique! – rejuvenesce!
Saudações a todos, a ti José d’Encarnação. Tinha visto esta crónica e agora não conseguia encontrá-la.
Lamento nunca poder comparecer quando (para mim) vale mais a pena…
Primeiro gosto especialmente de Cultura Gastronómica e das várias vertentes materiais e imateriais que lhe estão apensas. Depois neste Dia Mundial da Alimentação, além do papinho cheio ainda se trazia um pão de tipo saloio e cozido em forno de lenha…
Cascais Food Lab é um nome pomposo…tanto que nem deixa assimilar, no entendimento comum, as potencialidades gastronómicas da região. E afinal chegou-se à conclusão do que Cascais era capital?
Do menu gostaria mais do prato de peixe. Quando quiserem dicas despretensiosas de comida com qualidade, peçam opiniões. O slogan mais do agrado da Câmara não é “as pessoas estão em primeiro lugar” ? Eu não cobro nada. E sempre haverá quem possa falar das maravilhas que aqui se confeccionam, além das areias para acompanhar o café.
A sobremesa não seria má e teve o mérito de dizer ” crocante de amêndoa por cima da maçã reineta caramelizada”, afinal aquilo a que chamo crumble (aqui a pretensiosa pareço eu) e que faço tantas vezes…
Mas o pãozinho de farinha biológica cozido em forno de lenha, ficou-me no goto. E lá irei à Quinta do Pisão ver o que se pode arranjar…
Muito grata por esta crónica.
Muito grata por este texto.