O LusoJornal será o principal órgão de comunicação social de língua portuguesa em toda a Europa. Cumpriu a 16 de setembro 20 anos de vida, desde sempre comandado pelo Carlos Pereira.
Por força da lei francesa, é um jornal bilingue. Em França não há jornais, rádios ou televisões exclusivamente em línguas estrangeiras, mesmo se tiverem como público alvo comunidades estrangeiras, emigrantes em França.
Houve um tempo em que o LusoJornal se aventurou pela multimedia, chegou mesmo a ter um núcleo que produzia programas de televisão, embora sob outra denominação empresarial, segundo creio. Mas os que lá estavam a fazer programas de televisão eram os mesmos que faziam o jornal. Hoje, a multimedia no LusoJornal tem um papel residual, mesmo se a net parece ser o ambiente ideal para desenvolver essa vertente da comunicação.
Houve um momento em que se pensou que a comunidade portuguesa em França tinha líderes que queriam mesmo conquistar protagonismo político. Uma espécie de “sindicato” de empresários fundou o Chaine de Langue Portugaise – CLPTV, arrastaram uma dúzia de jornalistas, editores, realizadores de televisão para essa aventura. O Carlos Pereira e o LusoJornal foram um dos pilares desse canal, com programas semanais sobre o associativismo português em França.
Depois, o “sindicato” desfez-se, os empresários abandonaram o projeto, os jornalistas e demais trabalhadores foram para o desemprego, o Carlos Pereira ficou à espera que lhe pagassem o devido pelo trabalho executado.
O LusoJornal continuou, sobreviveu à pandemia, digitalizou-se, abandonou o papel. “A pandemia trouxe-nos muitos leitores. Na verdade, passamos de cerca de 20.000 leitores na edição em papel a mais de 200.000 leitores. Multiplicar o número de leitores por 10, foi uma situação que nunca tínhamos imaginado”, diz Carlos Pereira.
No entanto, o problema do LusoJornal continua a ser financeiro. Apesar da dimensão da comunidade portuguesa (cerca de 2 milhões em toda a França), apesar do jornal reportar também a atualidade nas restantes comunidades lusófonas, os empresários não pagam, são forretas, querem tudo dado e arregaçado, salvo algumas honrosas exceções.
O LusoJornal só não morre como morreu a CLPTV porque tem custos baixos e a maior parte da equipa trabalha em regime de colaboração. São amadores, mas são amadores de bom nível. Um abraço para todos eles.
Junto-me a ti, Carlos, no abraço a essa briosa equipa do LusoJornal, que há muito me habituei a folhear e amiúde nos traz novidades que por aqui se desconhecem.