Foi o fogo amigo!

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míssil de cruzeiro

Afinal de quem era o míssil caído na fronteira da Polónia com a Ucrânia, que matou duas pessoas? 

Na terminologia militar poderíamos considerar a resposta:

“Foi o fogo amigo”

Num teatro de operações militares desenvolvem-se muitas ações, grande parte delas dissimuladas, cujo objectivo é atacar um determinado alvo inimigo, por exemplo, posições das forças contrárias, material militar ou outro que sirva de apoio, mas também infra-estruturas e eixos de comunicação, sem sermos descobertos pelos seus meios detecção. Até aí tudo bem. Faz parte da doutrina. Só que, há pormenores na guerra que fogem ao controlo do ser humano, mesmo com a mais sofisticada tecnologia, como, por exemplo, a camuflagem. Esta pode enganar o inimigo, é para isso que serve, mas também os nossos amigos, que são muitas vezes, eles próprios ludibriados. 

As operações militares são planeadas a nível superior através de “ordens de operações”, integrando vários sistemas de armas combinadas, mas é no terreno em concreto que as decisões mais arriscadas são tomadas, pelo comandante dessa força, alterando-se por vezes os planos iniciais fruto de várias circunstâncias. E aí começam os problemas.

Os apoios fornecidos em combate quer pela aviação, quer por fogos terrestres de longo alcance, lançados da nossa rectaguarda para a nossa frente, abrindo brechas no inimigo, nem sempre acertam no alvo certo. A camuflagem engana, e, por vezes a progressão no terreno pode não ser a mais adequada, fruto de múltiplas circunstâncias. Por exemplo, a orografia, o estado atmosférico e o estado do terreno. Aquilo que deveria ser a nossa posição, já não é. E isso causa confusão para quem está a grandes distâncias ou a grande altitude. 
No caso presente as coisas passaram-se de modo um pouco diferente. Mas ainda assim, quando defendemos uma posição ou um território dos ataques do inimigo, temos de garantir que essa defesa não nos vai provocar baixas com a utilização dos nossos próprios meios. Por vezes essa garantia de segurança está no limite e acontecem desastres como este. 

Quando um míssil de defesa anti míssil, cuja missão é destruir o do inimigo por impacto com este no ar, acaba projectado no solo com danos para as nossas tropas ou para a nossa população, dizemos que fomos vítimas de um dano colateral provocado pelo nosso próprio sistema de defesa. 
A guerra é demasia complexa para ser analisada apenas numa relação entre “nós e os outros”, sendo que muitas das baixas acontecem no nosso próprio território, sem que o inimigo tenha interferido directamente nelas. O chamado “fogo amigo” pode causar até 3% de baixas nas nossas forças. Mas já foi mais. Durante a II Guerra Mundial o número era superior. E mesmo hoje, quanto mais remoto forem os sistemas de deteção e de defesa, alguns já obsoletos, maior será a percentagem de mortos e feridos. 

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