Histórias de padres católicos com “doenças do coração” são mais comuns do que poderemos julgar. Pessoalmente, conheço duas. Uma passada em Bissau com um missionário italiano do PIME e uma outra passada em Freixo de Espada à Cinta, onde um padre se apaixonou por uma amiga minha.
Ambos os casos foram tratados pela Igreja Católica de modo sigiloso. O padre de Bissau foi chamado a Roma, pediram-lhe que se isolasse num convento para refletir. O padre dourense também se isolou do mundo, mas não foi para Roma. O padre italiano voltou para os braços da sua amada, 18 meses depois. Largou a igreja, casou-se, vive feliz com a sua médica cubana algures no mundo. O outro acabou abandonado pela mulher que amava e voltou ao regaço da instituição.
Estas duas histórias servem como exemplo do modo como a Igreja Católica reage. Deteta as situações, tenta resolvê-las sem alarido público, mantendo as aparências.
Se é assim com padres heterossexuais, será assim com os homossexuais e pedófilos. Para a Igreja Católica, o pecado estará na sexualidade, independentemente da forma em que se manifesta.
No caso da pedofilia, o pecado é mesmo criminoso. Mas estamos a falar de uma igreja socialmente desajustada, com pilares sustentados na misoginia, na acumulação de riqueza, nos privilégios sociais. Coisas que sempre funcionaram a seu favor, até agora.