O SUICÍDIO DA GNR

Por cada um dos militares que se suicidam na GNR, adivinha-se a morte da própria instituição. Porque nenhuma organização pode resistir quando os seus homens se matam, uns atrás dos outros.

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Pegou na arma, destravou-a, encostou-a à cabeça e disparou. Morreu horas depois. Era militar da GNR. Tudo aconteceu dentro do quartel da Pontinha, na semana passada.

Carlos Barros deixou duas cartas. Uma dirigida à família e outra à instituição. As duas foram apreendidas e o que lá está escrito permanece no segredo dos generais que mandam na GNR.

Depreende-se que nessas cartas, Carlos Barros justifica o suicídio. Depreende-se que nessas cartas estejam as razões do desespero profundo, doloroso, que o levou a acabar com a vida. Depreende-se que essas razões estejam relacionadas com a GNR, daí haver uma carta para a instituição.

A apreensão das cartas não tem qualquer justificação, em termos de investigação criminal. Não há nenhum indício de que a morte de Carlos Barros não tenha sido um ato suicidário. Impor o segredo destes documentos apenas resguarda a GNR e quem a comanda. Porque é evidente que alguma coisa de muito errado se passa na GNR. Nos últimos dois meses, três suicídios. Nos últimos 22 anos, 200 suicídios. Na frieza destes números, a frieza do Estado.

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