O ato de vandalismo ocorrido na igreja de Gabú, no leste da Guiné-Bissau, veio acentuar o clima de instabilidade política e social que se vive no país.
Depois do recente rapto de uma filha de um ativista político do PAIGC, depois do atentado a tiro contra o deputado Agnelo Regala, líder do partido União para a Mudança, depois de vários casos de ameaças e de tortura psicológica contra diferentes ativistas políticos, depois de uma cena de tiroteio junto ao palácio do Governo que motivou o pedido de assistência militar à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a invasão da igreja de Gabú agudiza a sensação de insegurança que se vive no país.


Em vários contactos que estabelecemos com jornalistas em Bissau, ficámos a saber que não é de desprezar a existência de um movimento islâmico organizado para afrontar a comunidade católica que, apesar de minoritária, tem influência política e social na Guiné-Bissau.
Gabú não é só uma cidade islamizada, “é predominantemente habitada por população de etnia Fula imigrada do país vizinho, a Guiné-Conakri”, muçulmanos “mais radicais em questões religiosas”.
Apesar das pessoas com quem falámos esperarem que a situação não se agrave e que tudo o que se passou “é meramente um ato de vandalismo”, nas redes sociais percebemos que a insegurança é o sentimento dominante.


A reação do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, não ajudou a acalmar as pessoas. Tal como reportámos anteriormente, o Presidente menosprezou o ocorrido. Ao contrário, a Igreja Católica está preocupada.
O padre Luccio Brentegani, administrador diocesano de Bafatá, apelou à comunidade para manter a calma e continuar a viver em “comunhão com todos, sem distinção de raça ou religião.”