Cristina Ferreira, discórdia na Malveira

Uma semana depois da inauguração, é tempo de perguntar, qual a mais-valia da placa toponímica “Anfiteatro Cristina Ferreira”? Foi dito que se tratava de uma homenagem aos feirantes que ali, durante séculos, ganharam a vida e fizeram a economia da região.

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A requalificação do Largo da Feira fez-se à custa da própria feira e dos que lá vendiam. A feira já não mora ali, os serviços e o comércio local que se alimentavam da feira perderam clientela e há quem diga que a relocalização da feira é a ruína dos feirantes, porque os compradores não vão lá.

Sendo assim, as críticas mais elaboradas, expressas nas redes sociais, dizem que a Cristina Ferreira devia ter recusado associar o seu nome à obra que “assassinou a Feira da Malveira e também o comércio da terra”.

“Não tem, lamento muito constatar, a mínima noção das consequências negativas dessa intervenção urbanística para a Feira, para os Feirantes e para a Malveira”, diz Paulo Amaral Blanco, filho e neto de feirantes e um dos mais severos críticos das alterações que se verificaram no Largo da Feira, em termos urbanísticos e da atividade económica.

Curiosamente, numa pesquisa rápida pelas redes sociais, fora da atividade profissional, Cristina Ferreira é mencionada por problemas de licenciamento camarário em relação a obras numa casa em Vale de Bois. Durante vários anos, viveu na casa sem pagar IMI, porque ainda estava em construção…

Uma história que nunca ficou bem esclarecida, até porque na Câmara Municipal de Mafra existia um indeferimento a um pedido de obras com data de 2016.

fonte CMM

A Malveira está a transformar-se num dormitório de Lisboa, com tudo o que isso tem de mau. O imobiliário está a custos insuportáveis e não se consegue alugar habitação a preços comportáveis.

Os que vêm para a Malveira são forasteiros, quadros técnicos de empresas ou emigrantes que se amontoam em apartamentos com poucas condições de habitabilidade. Os filhos da terra estão a ser empurrados para fora, à exceção dos que pertencem às famílias terratenentes.

As poucas empresas que surgem com ofertas de trabalho oferecem salários baixos e preferem contratar a termo certo imigrantes brasileiros ou do leste da Europa. Gente que não reivindica.

Talvez a Malveira precisasse mais de uma feira revitalizada e dinâmica do que de um anfiteatro exposto às agressões climatéricas, sem uma árvore que faça sombra.

“Aquilo que alguns referem como ‘obra` é apenas ´pó de arroz` – obra era fazer um parque de estacionamento subterrâneo e criar condições para atrair mais visitantes à feira, melhores condições para os feirantes e para o desenvolvimento do comércio local”, diz Paulo Amaral Blanco, que se lembra de “excursões de autocarros para visitar a feira à quinta feira de diversos pontos do país”.

Hoje, já não há excursões para ir à Feira da Malveira e ninguém acredita que fazer um selfie junto à nova placa toponímica seja atração turística… e isto responde à questão que foi colocada no início deste artigo.

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