Na conversa de João Rendeiro com Júlio Magalhães, na inauguração da CNN Portugal, as duas novidades foram a existência das três cadelinhas no agregado familiar do banqueiro, Joana, Clara e Boneca, e a intenção de mover uma ação contra o Estado português pela lentidão da Justiça. E pedir 30 milhões € de indemnização.
Esta parte da conversa foi a oportunidade desperdiçada para o Júlio Magalhães transformar aquilo numa entrevista. Se a Justiça portuguesa fosse célere, Rendeiro teria sido rapidamente condenado nos mesmos três processos em que foi tardiamente condenado e, possivelmente, estaria agora a pensar na vida e com saudades da Maria numa suite da Carregueira. Teria tido menos tempo para malbaratar as obras de arte penhoradas pelo Estado, teria tido menos tempo para contratar o artista que falsificou alguns quadros, teria tido menos tempo para organizar a fuga. Se a Justiça tivesse sido célere, Rendeiro teria boas razões para se queixar da diferença de tratamento relativamente a Ricardo salgado que, apesar dos 60 crimes de que está acusado (entretanto, o juiz Ivo Rosa já descartou alguns desses crimes), ainda não foi julgado por nenhum.
Assim, na verdade, não se pode queixar de discriminação. O caso BPP foi despoletado em 2010 e a crise do BES só teve início em 2014. Esse desfasamento temporal explica que um já tenha sido julgado e condenado e outro ainda não.
Rendeiro choramingou, mas pouco. Nenhum canal de televisão resiste a exibir uma fraqueza de um entrevistado. Creio que é coisa que jamais veremos acontecer com Ricardo Salgado.
Como diria um dos maiores filósofos da nossa praça: “e o burro sou eu”?