A Procuradoria Geral da República pediu à Assembleia da República para levantar a imunidade parlamentar ao deputado Ventura, para que seja constituído arguido e possa ser interrogado por crimes de difamação.
Desta vez não se trata das ofensas a famílias de minorias étnicas, mas de acusações feitas a Fernando Rosas, historiador e antigo deputado pelo Bloco de Esquerda. Ventura terá escrito no Facebook que Rosas “torturou homens e sequestrou mulheres em 1976”. Ou Ventura tem modo de provar o que disse ou vai ser condenado novamente.
Desbocado intencionalmente, porque sabe que é o tipo de discurso que agrada à sua clientela, André Ventura disse hoje que Ana Gomes era “atrasada”. O motivo do epiteto foi Ana Gomes ter dito que não ficaria chocada se a vacina contra a covid-19 fosse obrigatória. Ana Gomes lembrou que quando foi criança era obrigatório tomar algumas vacinas como, por exemplo, a BCG e a do sarampo. A comentadora falava de vacinas providenciais que salvaram milhões de pessoas desde que foram distribuídas pela população mundial.
Se repararem bem, Ventura não perde uma oportunidade para tentar perturbar Ana Gomes, uma espécie de inimiga primordial desde que a antiga eurodeputada disse que o Chega deveria ser ilegalizado.
Há dias, o deputado Ventura disse que a deputada Mariana Mortágua era “a deputada mais desonesta e aldrabona do parlamento”. Para Ventura, a política é uma espécie de luta livre verbal, um combate de vale-tudo sem árbitro. Esperemos que Mariana Mortágua lhe ponha um processo, também.
Caceteiro, mas frágil. Um dos pontos fracos de Ventura é não saber reagir a uma crítica. Parte para a ofensa desabrida. O povoléu ri-se muito, mas quem gosta de argumentação inteligente tem pena dele. A condenação no caso família Coxi pode ter sido a primeira de muitas.