A GNR anunciou há dias ter desmantelado uma rede de vendedores de automóveis em 2ª mão que se dedicava a viciar os conta-quiolómetros das viaturas. A rede era composta por dois casais, de Mafra e Torres Vedras, que tinham como “sócios” do empreendimento três elementos de um centro de inspeção automóvel, um militar da GNR e um despachante aduaneiro.
Devem ter ganho muito dinheiro. Depois de eliminar centenas de milhar de quilómetros em cada uma das viaturas, o preço de revenda subia exponencialmente. Bastava que lhes montassem uns pneus baratos mas novos e que dessem um polimento na pintura. O carro usado ficava quase como novo. E com pouquíssimos quilómetros.
Infelizmente, a GNR não divulgou o nome dos burlões, o que é uma espécie de benefício ao infractor. Nada impede que esta gente continue com o mesmo negócio e que continue a martelar conta-quilómetros de viaturas.
Adulterar conta-quilómetros é prática comum
É voz corrente que uma boa percentagem dos carros usados vendidos anualmente em Portugal têm os quilómetros adulterados. O comprador poderá sempre pedir uma certidão da viatura que quer comprar ao Instituto de Mobilidade e Transportes. Mas custa algum dinheiro e nem todos quererão gastar 30€ nesse papel, apesar de ser um papel que garante a real quilometragem da viatura.
Há uns anos, um inspetor de um centro de inspeções confessou a um jornalista que todos os dias apanhava mais do que um carro com o conta-quilómetros adulterado. Bastava-lhe comparar a quilometragem que o carro tinha naquela inspeção com as quilometragens registadas em inspeções anteriores. Mas alterações nos conta-quilómetros não são consideradas falhas de segurança e, portanto, não servem para reprovar a viatura e, pasme-se, o facto nem sequer fica registado na folha de inspeção.
Assim, há uma espécie de passadeira vermelha para a burla com viaturas em 2ª mão. Se pensarmos que existem cerca de 200 centros de inspeção automóvel, se em todos eles passar diariamente apenas uma viatura com quilometragem martelada, estamos a falar em 70 mil carros… por ano. É uma prática generalizada.
Há muita coisa a investigar nos centros de inspeção automóvel. Como é possível que circulem tantos veículos com motores alterados, sem filtros de partículas, etc.
Como é que um carro circula sem o filtro de particulas??
Jo, circula e liberta uma fumarada negra cheia de fuligem. Porque motivo esses veículos não são imediatamente apreendidos é algo que me escapa.