Foi noticiado agora que a família da vítima vai exigir em tribunal uma indemnização de 1 milhão de euros ao ministro.
Resumindo os factos: Nuno Santos, no dia 18 de junho, foi mortalmente atropelado na A6, pelo carro ao serviço do Ministério da Administração Interna (MAI), onde seguia Eduardo Cabrita.
O ministro nunca assumiu qualquer responsabilidade pelo ocorrido, moral ou material, e manteve sempre uma atitude de frieza, quiçá desinteresse, pela sorte do trabalhador e da sua família mais direta, mulher e filhos.
O advogado da família considera que, embora Eduardo Cabrita não estivesse a conduzir o carro, era ele quem tinha a direção do carro, que é como quem diz, era ele quem mandava.
Se o motorista ia a 200 km/h a responsabilidade será do ministro, é a tese do advogado.
Há uma investigação ao acidente a ser feita pela GNR, mas ao fim de quase 3 meses, não há notícias dessa investigação. Para o cidadão comum, a lentidão cheira a conivência da GNR com o “patrão”, o ministro da Administração Interna.
Mas foi só este ministro? E os outros?
Digamos que é norma, os ministros terem ao serviço carros de alta cilindrada que, frequentemente, são vistos a voar nas estradas portuguesas. Dias depois deste caso fatídico, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, foi filmado pela CMTV em excesso de velocidade e sem luzes de emergência ligadas. O carro ia a quase 160 km/h numa estrada nacional e a 200 km/h na autoestrada. O ministro começou por negar, mas confrontado com as imagens assumiu e garantiu que “não voltaria a acontecer”.
Por esses dias, também o Primeiro-ministro foi filmado em excesso de velocidade numa viagem entre Vila Nova de Gaia e Lisboa. Fez 3oo kms em menos de 2 horas.
Mas os exemplos são inúmeros: em setembro de 2006, o ministro da Economia, Manuel Pinho, foi controlado a 212 km/h na A1. Em 2004 a TVI apresentou uma reportagem no Jornal Nacional sobre os ministros pouco cumpridores do Código de Estrada. Os repórteres recolheram imagens do então ministro da Economia, Carlos Tavares, que de regresso a Lisboa, em viagem de serviço, circulou a 180km/h, sempre na faixa da esquerda. Também o então ministro da Educação, David Justino, e a ministra da Ciência e do Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho, violaram os limites de velocidade. A TVI denunciou, ainda, que o carro do então ministro da Cultura, Pedro Roseta, fizera uma ultrapassagem pela direita na Avenida 24 de Julho, em Lisboa, além de circular com velocidade excessiva.
Outros casos mediáticos foram os da então ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, apanhada em claro excesso de velocidade na ponte Vasco da Gama, e do antigo ministro das Cidades e do Ordenamento do Território, Amílcar Theias, que passou um sinal vermelho no Marquês de Pombal.
São todos uns aceleras. Abusadores impunes. Mas, desta vez, morreu uma pessoa.