No PAN, Inês Sousa Real substitui André Silva na liderança do partido e da bancada parlamentar. Ela passa a ser a cara e a voz do PAN, eleita para tal no congresso que se realizou este fim-de-semana. Foi eleita sem oposição, a lista era única, o que não abona a favor da militância interna no PAN. É sempre preferível haver alguma competição do que apatia. É um problema que não afeta apenas este partido.
Vantagens de Inês Sousa Real? Provavelmente nenhuma. O que ela disse no discurso de vitória, qualquer outro diria. O PAN tem a vantagem de ser um partido pioneiro na defesa dos direitos dos animais e é nesse nicho que residiu o seu sucesso eleitoral ao eleger, primeiro, um deputado para, mais tarde, conseguir aumentar a representação parlamentar para quatro. Elegeu igualmente um deputado europeu. Aconteceram, depois, dissidências que nunca foram bem explicadas. A deputada Cristina Rodrigues (eleita por Setúbal) e o eurodeputado Francisco Guerreiro, desertaram do PAN e exercem os seus mandatos de forma independente. Duvido que Inês Sousa Real consiga levá-los de volta ao partido, o que seria algo inédito no panorama político partidário. Creio, mesmo, que não existe tal intenção.
Ser uma mulher a dirigir um partido político é uma questão interessante, talvez mesmo a única. Porque, de resto, é mais uma liderança partidária pouco carismática, escolhida por uma comissão política nacional e votada por arrasto e sem confronto.
Mas vai ser interessante continuar a seguir a evolução do PAN e da nova líder. O partido que chegou com propostas políticas inéditas terá de descobrir novas bandeiras, se quiser continuar a crescer. A líder precisará de se livrar da imagem de subserviência ao PS e a alguns dos líderes socialistas de que nunca se conseguiu livrar desde que foi funcionária da Câmara Municipal de Sintra e elevada a uma direção de serviços na autarquia por Basílio Horta.