O Opus Dei salvou o Vaticano da bancarrota, no escândalo do Banco Ambrosiano. Em 1982. Há 40 anos. Reuniu nessa altura 100 milhões de dólares para indemnizar os depositantes.
Rui Rio não se salvará da maldição de ter apontado suspeitas ao pilar mais forte da Igreja Católica Apostólica Romana. Uma prelatura pessoal.
Um dos três fundadores da Obra em Portugal é o advogado notável Afonso Gil, um homem de bem, de mais de 80 anos. Também ajudou a fundar o CDS, mais tarde afastou-se. Quando os centristas perderam o pendor social para se tornarem liberais. Em 1980.
Em miúdo, Afonso Gil bom conseguia ver a Serra da Estrela, através das fatias de pão. Tão finas elas eram. Deu explicações para conseguir tirar o curso de Direito e para calar a fome.
Certo dia desesperado foi no caminho do Partido Comunista pela mão do conservador escritor António Alçada Batista. “Ó pá! Sempre tens pão e algum dinheiro para sobreviveres”. Contou-me Afonso Gil no seu escritório no Edifico Castil, onde todos os dias entrava para trabalhar às 8 da manhã, já com 80 anos feitos.
Mas encontraram um amigo que falou na santificação pelo trabalho. Era o convite para fundar o Opus Dei em Portugal.
Não hesitou. Queria trabalho. E ansiava estar perto do divino.
Sonhava em ser rico espiritualmente. Propôs, entretanto, ao futuro sogro casar com separação de bens. Mas o homem era rijo: “Ó entras para cumprires todos os deveres e teres todos os direitos ou não te quero para genro”.
Nobre de sentimentos e objetivos, agora com mais de 80 anos, Afonso Gil é o oposto de quem que se aproveita da Obra para meter medo, pavonear ou contradizer a natureza religiosa do Opus Dei. É o caso do senhor X, chamemos-lhe assim, para evitar processos. Porque em Portugal prefere-se matar o mensageiro, do que ler a mensagem. É o que certos juízes têm feito em relação a jornalistas.
Temos aqui dois homens na mesma organização. Um andou a santificar-se. Dispôs-se a oferecer a sua própria camisa. O outro, o senhor X -bem instalado na vida, homem de colégios lisboetas e com escritório pomposo na capital- é um diabo vermelho. O primeiro foi formado na bondade divina. O segundo lamaçou em guerras.
Rui Rio não entende esta diferença na natureza humana. Talvez não conheça estes dois homens opostos e presentes no Opus. E por isso toca de implicar com o Opus Dei.