Lisboa é a 2ª pior cidade para se viver em Portugal. Porquê?

Os Lisboetas que responderam a um recente estudo da DECO, onde se pretendeu avaliar o grau de satisfação dos portugueses com vários aspetos da cidade onde vivem, colocam a capital num desonroso penúltimo lugar. Das 12 capitais de distrito analisadas (as mais populosas) apenas Évora fica pior na fotografia.

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Lisboa tornou-se nos últimos anos presença habitual nos melhores lugares de vários rankings internacionais. Os mais recentes World Travel Awards colocaram de novo Lisboa como ‘o melhor destino de cruzeiros da Europa’, vários dos hotéis alfacinhas ganham nas suas categorias, seja em luxo, design ou lifestyle, e até o Turismo de Lisboa é premiado como melhor Leading City Tourist Board.

Mas e quem passa mais de uma semana na cidade, o que opina? O mais recente estudo da DECO sobre a qualidade de vida nas cidades portuguesas, publicado na edição de Abril da PROTESTE (resultados consultáveis no site da associação), dá-nos algumas respostas. Com o objectivo de ‘avaliar o grau de satisfação dos portugueses com vários aspetos da cidade onde vivem’, a associação inquiriu cerca de 3500 pessoas, entre eles eu próprio, durante os meses de outubro e novembro de 2020. Os Lisboetas colocaram a capital num desonroso penúltimo lugar. Das 12 capitais de distrito analisadas (as mais populosas) apenas Évora fica pior na fotografia.

Apesar de liderar a pontuação na ‘Cultura, Desporto e Lazer’ e estar também acima da média na avaliação do ‘Emprego e Mercado de Trabalho’, as pontuações negativíssimas nas áreas da ‘Segurança’, ‘Limpeza e Gestão de Resíduos’, ‘Mercado de Habitação’, ‘Meio Ambiente’ e ‘Custo de Vida’ penalizam de tal forma a cidade que ditam esta péssima classificação. Lisboa consegue uma pontuação geral de 6.2 em 10 pontos possíveis. Pouco acima de Évora (6 pontos), já algo mais longe, pela negativa, do Porto (6.5 pontos) e bem longe de Viseu (7.4), Leiria (7.1) ou Braga (7.1), as cidades melhor pontuadas.

As piores pontuações encontram-se no Custo de Vida (4.6) e Mercado de Habitação (4.5), questões que relacionadas entre si no caso lisboeta, já que é este último que mais tem condicionado a percepção de que não compensa vir para a grande urbe, já que o tal rendimento extra que advém do dinamismo da capital não cobre os custos extra, nomeadamente com a habitação.

Lisboa pontua ainda mal na Segurança e na Limpeza, o que reflecte o grau de sobrecarga das infraestruturas da cidade e a incapacidade de resposta para acomodar uma população cada vez maior, sobretudo no centro. Aqui bem podem os residentes diminuir nos cadernos, mas cada vez mais aumenta o número de quem de fato vive e utiliza a cidade (trabalhadores, estudantes e turistas, estes últimos agora reduzidos pela pandemia) e para quem os responsáveis políticos não têm sabido dimensionar ou gerir a resposta das estruturas.

Em suma, Lisboa melhorou e muito, de forma notável, para quem cá vem passar uns dias, mas falhou aos seus. Segundo este estudo e segundo muito do que se ouve nos cafés, nos transportes, nos taxis e TVDEs, Lisboa não está a conseguir satisfazer quem por cá está todos os dias. Se os últimos anos foram dedicados a tornar a cidade atrativa para os de fora, há que garantir que na década que agora se inicia o foco seja em melhorar a vida dos de dentro, daqueles que todos os dias residem, se deslocam, trabalham, estudam e vivem em Lisboa.

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