Filho de uma francesa e de um português, nasceu em Lille nos anos 90, vive entre França e Portugal. Define-se como autodidata e começou pinturas murais em 2004. Hoje, com alguma notoriedade a nível nacional, espera vir a ganhar mais nome além fronteiras.
O seu mural de homenagem ao arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles foi notícia e o rapper norte-americano Snoop Dogg ficou tão impressionado com o retrato dele feito que o divulgou na rede social Instagram.
O Duas Linhas foi encontrar João Cavalheiro, cujo nome artístico é Styler, num sábado de manhã, enquanto dava forma e cores a uma nova obra nas imediações de um mural situado numa escadaria urbana na Rinchoa, concelho de Sintra.
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“O Styler surgiu do nome Style, era uma alcunha que eu tinha, antigamente, quando cheguei de França”, revela-nos o artista, que diz dever a alcunha ao facto de se vestir “com marcas betinhas”. Mas em 2009, “optei por assinar Styler, devido à estética das letras, porque achei que o ‘r’ conseguia fazer uma estética diferente na minha caligrafia e no meu nome”.
Este luso-descendente assume que a sua Lille natal o influenciou: “O meio rural, a natureza… é muito bonito, as paisagens são diferentes, acho que isso tudo acaba por influenciar a visão de um artista”.
Entre terras lusas e gaulesas, onde estudou e trabalhou em diferentes fases da vida, este autodidata assume que começou a pintar de forma ilegal. “Depois comecei a tentar encontrar sítios mais pacatos como fábricas abandonadas para explorar e estar à vontade, e comecei a ter algumas pessoas interessadas no meu trabalho, e comecei a fazer alguns trabalhos, até que decidi começar a trabalhar a full time“.
Quem faz graffiti ou street art trabalha com tintas e sprays muitas vezes potencialmente tóxicos: “Em relação ao spray, a longo prazo é uma coisa prejudicial à saúde, por causa dos aerossóis: como tem a base de celulose, alcatrão, tem coisas muito prejudiciais” e por isso já começou a explorar técnicas com com rolos e trinchas. Styler já teve um susto de saúde por causa dessas substâncias: “Já tive uma paragem respiratória, foi um bocado complicado nessa altura [há quatro anos], e comecei a pensar duas vezes e fazer mais trabalhos a rolo para conseguir alternar”.
Entre artistas que o inspiram, destaca o nome do pintor catalão Salvador Dalí: “há algo ali muito interessante”, diz João Cavalheiro. No que concerne ao global Banksy, um artista contra o sistema cuja verdadeira identidade é desconhecida até hoje, diz apreciar mais o conceito do que a técnica. Quando se fala de artistas portugueses, recorda Odeith, que se destaca também no estrangeiro. Quanto aos nomes mais falados na actualidade, Vhils (Alexandre Farto) e Bordalo II, não coloca de parte a hipótese de vir a trabalhar com eles.
Recorda que já fez alguns trabalhos em conjunto, como Narc de Mafra ou Vasco Costa (ilustrador e street artist).
O primeiro trabalho encomendado por uma autarquia foi em Rio de Mouro, no muro de uma escola básica, sob o tema da reflexão a partir de um poema. Sobre o seu “santuário” na Rinchoa, Styler diz que a autorização só chegou “depois de ter mostrado trabalho”, mas hoje tem liberdade criativa e o respeito dos moradores.
É sabido que o graffiti (ou street art) é mal visto por parte da população, que associa esta forma de expressão contemporânea a vandalismo, desordem ou até delinquência, apesar de nos últimos anos existirem estudos nas áreas das Ciências Sociais e Humanas que procuram ver outros lados desta forma de arte. Quanto aos preconceitos, Styler diz que “hoje em dia também há arquitectos que pintam murais e fazem grafitti…”.
Reportagem de Ana Catarina Rocha (texto e fotos)
e Carlos Narciso (vídeo e fotos)
Sou fã dos trabalhos criativos deste artista. Conheço diverços dos seus trabalhos por por toda a grande lisboa. Troquei uns 10 minutos de conversa enquanto ele fazia um trabalho na “taverna do municipio” , Sintra.