Atrasos na vacinação significam mais mortes

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A produção de vacinas contra o covid-19 foi apresentada à opinião pública mundial como a salvação da Humanidade, nesta guerra contra um coronavírus muito poderoso. Na União Europeia foi delineada uma estratégia para tornar a população da EU autoimune, mas as coisas estão a derrapar.

Estão a ser anunciados alegados problemas de produção e consequentes atrasos na entrega das encomendas contratadas das vacinas da empresa alemã Pfizer/Biontech e da britânica Oxford/AstraZeneca.  Há uma terceira vacina aprovada na Europa do laboratório americano Moderna.

manchete do Diário de Notícias em 15 janeiro 2021

Outras vacinas estão ainda atrasadas no processo de testes e irão demorar mais alguns meses até estarem prontas para aprovação pelas autoridades de Saúde europeias.

O que realmente se passa não está a ser explicado às pessoas. Há notícias pouco sustentadas de que os atrasos se devem a “obras” numa das fábricas da Pfizer na Bélgica. Uma desculpa difícil de engolir… A Oxford/AstraZeneca fala apenas em “baixa de rendimento”. Talvez estas empresas devessem contratar uma boa agência de comunicação, daquelas que inventam qualquer coisa para safar a cara de quem lhes paga.

manchete Correio da Manhã em 23 janeiro 2021

A verdade, porém, pode ser politicamente chata. O site de notícias Eurointelligence veio denunciar que o problema se deve ao facto da Comissão Europeia ter negociado preços muito abaixo do que outros clientes das farmacêuticas estão a pagar. Assim, a produção está a ser desviada para quem paga mais. E quem está a pagar mais e não tem tido qualquer problema com as entregas de vacinas contratadas? O Reino Unido, por exemplo.

Neste momento, o Reino unido tem já quase 10% da população vacinada e a União Europeia ainda não passou dos 2%. É verdade que o Reino unido começou a campanha de vacinação uns dias antes, mas essa antecipação não justifica a diferença de andamento dos diferentes processos de vacinação da população.

E qual é a diferença de preço de que estamos a falar? Segundo a mesma fonte, a Comissão Europeia acordou com a Pfizer um preço 24% mais barato que os ingleses estão a pagar pela mesma vacina. No caso da Oxford/AstraZeneca a diferença de preços é de 45%, diz o Eutointelligence. Sendo assim, compreendem-se que surjam problemas de produção para os estados-membros da UE.

Ao negociar preços baixos, a Comissão Europeia parece ter estado mais preocupada em poupar recursos financeiros do que em garantir a imunização da população o mais rápido possível. Poupar dinheiro é válido, exceto quando isso se faz à custa de vidas. A confirmar-se este cenário, os dirigentes europeus vão ter um problema para resolver, nas ruas e nos parlamentos de toda a Europa comunitária. O mercantilismo das farmacêuticas é condenável mas a falta de previsão de que uma coisa destas podia acontecer é indesculpável.

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