Uma história de paixão jaz escondida na baixa de Lisboa, enterrada debaixo da Igreja de São Julião, em Lisboa, onde, nas catacumbas da Igreja, foi encontrada uma pequena secção da muralha da cidade erguida no tempo do rei D.Dinis.
O meu avô contou-me que dois irmãos namoravam, sem saber, a mesma dama. Escondidos na sombra da muralha, onde ninguém os conseguia ver. Uma noite apareceu um dos namoradores surpreendendo o casal e, cegos pelo ódio ciumento, quiçá sem se reconhecerem, os dois irmãos mataram-se à punhalada.
A lenda esfumou-se na memória dos lisboetas, mas a muralha está lá. Basta descer às catacumbas da igreja, agora transformada num excelente museu da autoria de Gonçalo Byrne e Falcão Campos.
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A muralha de D. Dinis foi descoberta há 10 anos, quando a igreja mártir de S.Julião passou a Museu do Dinheiro. Inicialmente, a igreja ficava na esquina da Rua de S.Julião com a Rua Augusta. Foi destruída pelo terramoto de 1755. Reerguida junto à Câmara de Lisboa, ardeu em 1816. Pertence ao Banco de Portugal desde 1930. A má sorte da igreja resultou num belo museu onde a história do dinheiro revelou a muralha soterrada.
O meu avô sabia da sua existência, porque lhe contou um avô que a ouvira do avô. Mas acrescentando um ponto. Como sempre acontece. No caso, uma trágica história que se perpetuou mesmo quando os livros eram escassos em Portugal. Mas atenção! A história do meu avô também mora à entrada de S. Pedro de Sintra, no Túmulo dos Dois Irmãos, aqueles que estão de cabeceiras opostas.
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JRR/CN