Há 937 escolas com casos de covid-19, em todo o país. Os dados são fornecidos pela FENPROF. O organismo sindical elaborou uma relação de todas as escolas com casos e publicou-a no site. É um documento com 23 páginas, o que dá a dimensão do problema.
Mas ainda assim não é uma lista exaustiva. Não constam escolas do ensino técnico e profissional, por exemplo. E essas escolas não estão imunes à pandemia, por certo. No caso de Cascais, por exemplo, a Escola Profissional de Teatro de Cascais já teve vários casos de alunos e funcionários infetados. O Delegado de Saúde acompanha a situação e, portanto, são casos que foram certamente reportados a quem tem de recolher e tratar esses dados. Mas nesta lista da FENPROF não constam, conforme podem ver na lista antes mencionada, na parte que diz respeito às escolas do concelho de Cascais.

O organismo sindical acusa o governo de não prestar informações corretas sobre a situação que se vive nas escolas. Diz a FENPROF que “solicitou ao Ministério da Educação uma lista atualizada de escolas onde se registaram casos de Covid-19, bem como informação sobre os procedimentos adotados, mas não obteve resposta, apesar de o ministério estar obrigado, por lei, a disponibilizar essa informação.”
Entretanto, a Direção Geral de Saúde apenas reconhece a existência de 28 surtos em escolas, “número que ficava muito abaixo daquele que, através da comunicação social e por informação dos professores, era do conhecimento da FENPROF”.
A FENPROF diz ainda que os procedimentos adotados pelas escolas não são uniformes, o que pode indiciar desorganização nas orientações que o Ministério da Educação tem de dar obrigatoriamente. Na verdade, nem mesmo a comunicação de casos aos pais e encarregados de educação é uniforme. Por exemplo, se na mesma família existirem filhos colocados em diferentes escolas, a abordagem destas situações e a relação com as famílias dos alunos difere de escola para escola. Por exemplo, no caso da Escola Profissional de Teatro de Cascais, sempre que surge uma nova situação de contágio os pais e encarregados de educação de todos os alunos são contactados via email pela direção do estabelecimento, são identificados os casos (omitindo nomes ou qualquer pormenor revelador da identidade da pessoa doente) e explicadas as medidas que a escola tomou em termos de testagem dos contactos desse elemento, confinamento profilático de turmas ou encerramento da escola, situações que já ocorreram na EPTC.

Na EB 2, 3 da Venda do Pinheiro, por exemplo, sempre que existe um novo caso de contágio nada é explicado. A comunicação é inútil e apenas perturbadora.

Tanto mais perturbadora que, no caso desta escola de Mafra, as famílias receberam notificações de novos casos de covid-19 dois dias seguidos.
A FENPROF considera que as ações no âmbito escolar deveriam ser uniformes e que quando são detetados casos, todos os alunos da turma, professores e contactos próximos deverão ser, de imediato, testados, de forma a identificar eventuais outros casos de infeção, protegendo, dessa forma, toda a comunidade escolar e garantindo que a escola poderá manter-se aberta.
A situação relativamente á pandemia em ambiente escolar não parece ser boa, mesmo se o ministro da Educação já deu as suas ordens às instituições…

“As autoridades de saúde sabem que o encerramento das escolas tem de ser a última decisão numa cadeia de decisões para mitigar a propagação da Covid-19″, afirmou há dias o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, no final de uma visita a uma escola da Amadora.
O ministro voltou a salientar a importância da manter em funcionamento o regime presencial. O ministro mencionou as aprendizagens dos alunos, e referiu-se também a saúde mental e física das crianças, um argumento um tanto anacrónico num enquadramento pandémico. Faltou-lhe, talvez, referir a razão mais forte: as escolas não fecham porque os pais das crianças têm de ir trabalhar, porque a economia não aguenta mais confinamentos.