A “injustiça e dor” causadas aos “povos originários do México” durante a colonização espanhola, foram palavras proferidas pelo ministro do Exterior de Espanha, durante a inauguração de uma exposição de arte indígena, com centenas de valiosas peças disponibilizadas pelo governo mexicano.

Com esta partilha, o México demonstra que além de preservar o seu património histórico-cultural, também não nega à antiga potência colonial a oportunidade de o apreciar. Uma lição para aqueles que dizem que se o espólio cultural subtraído durante o colonialismo não estivesse preservado nos museus europeus já teria desaparecido.

O ministro espanhol não fez um pedido de desculpas pelos danos do colonialismo, conforme o México espera que um dia seja feito, mas o seu discurso de “arrependimento e confissão” foi considerado pelas autoridades mexicanas como um primeiro passo de aproximação a esse momento redentor em que o colono reconhece as suas culpas históricas e pede o perdão ao colonizado.





O colonialismo, seja o que se processou em África, América Latina ou Ásia, foi o motor da repressão política, mas também do apagamento de saberes milenares, idiomas, modos de vida, culturas que desapareceram num processo brutal de aniquilamento que só a cegueira ideológica pode menosprezar.
Espanha parece estar, agora, a fazer o seu caminho de solidariedade com aqueles que antes oprimiu, tal como outras antigas potências colonizadoras estão a fazer, também. Um dia, há de chegar a vez de Portugal, parece-nos evidente.

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