Será a maior concentração humana por motivos religiosos. Realiza-se de 12 em 12 anos e atrai cerca de 400 milhões de pessoas durante os 45 dias do festival Maha Kumbh Mela.
O ritual é simples. Os peregrinos mergulham o corpo na água, na confluência dos rios sagrados Ganga, Yamuna e do místico rio Saraswati, um rio que não existe excepto nos dogmas religiosos hindus.
Só nas primeiras horas da madrugada de ontem, quando o festival teve início, 15 milhões de pessoas mergulharam em simultâneo nas águas sagradas, ainda antes do nascer do sol. Algo semelhante ao que os cristãos vieram a fazer mil anos mais tarde e a que chamam baptismo.
O evento realiza-se perto da cidade Prayagraj, no Estado de Uttar Pradesh, no norte do país. É um colossal desafio de gestão de multidões, de gente que sente a necessidade de lavar a alma e de se limpar de pecados.
Deve ser uma experiência única, presenciar uma cena desta dimensão. E perigosa, também. Apesar de ter motivação espiritual, este tipo de concentrações propicia cenas de pânico coletivo, com correrias desenfreadas e esmagamento dos que não conseguem desviar-se das multidões descontroladas.
O Kumbh tem origem numa tradição hindu, quando o deus Vishnu arrebatou aos demónios um cântaro dourado que continha o néctar da imortalidade, num combate que durou 12 dias.
GESTÃO DE MULTIDÕES
As autoridades construíram uma cidade temporária, num espaço de 10 mil hectares, onde instalaram 150.000 tendas para abrigar peregrinos, 3.000 cozinhas e 145.000 casas de banho. Além disso, a iniciativa privada instalou inúmeros hóteis provisórios de luxo e a bom preço.
O Estado Uttar Pradesh é governado pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party (BJP), do primeiro-ministro Narendra Modi, que espera que o festival Kumbh Mela seja bem-sucedido de modo a contribuir para a glorificação dos símbolos religiosos e culturais da Índia.
Para quem está de fora, persiste o mistério de se saber como se consegue ter paz de espírito, serenidade e capacidade de meditação no meio de milhões de pessoas…
