O “CASTANHEIRO DA GUERRA”

O “Castanheiro da Guerra” é uma árvore real e é um símbolo. O Castanheiro da Guerra é uma árvore verdadeira, frondosa, a cuja sombra já me acolhi alguma vez, cujo tronco em vão tentei abraçar numa tarde qualquer como se abraça o tronco de um avô querido.

0
391

Passo, em visita, algumas vezes lá ao pé e espreito-o, do caminho, humilde, mas grande, entre tantos outros castanheiros. Terá mil anos de vida, talvez mais, este castanheiro, e há-de morrer de pé, que era assim que morriam os bíblicos patriarcas, quando os seus ramos vergarem, como os braços de Pai Abraão ou de Jacob, quando a seiva já não puder correr pelos veios cansados daquele tronco que, esse há-de teimar em ficar sempre de pé.

Se nossos avós antigos inda vivessem chamariam “árvore sagrada” a este castanheiro e talvez o festejassem com lumes de equinócio ou de solstício, talvez bailassem, de mãos dadas, ao redor.

Quem sabe se não foi assim que nasceram os “magustos”, essa festa de Outono, de equinócio, celebrada com castanhas e vinho, essas metáforas da vida e do pão, do alimento.

Por mil anos o “pão” se desprendeu daqueles ramos, como mãos abertas, de uma generosidade sem fim, ano a ano a sua fronde de “árvore-do-pão” se avantajava porque os filhos da gente cresciam e a árvore, mágica e compreensiva, alargava os ramos, alargava o tronco para suportar o crescimento dos frutos que se soltavam, maduros, nos solarengos dias de um “Verão de S. Martinho” que a Natureza construiu de propósito para que os homens pudessem realizar suas festas e cantar seus hinos.

O Castanheiro da Guerra, que assim o chamava o povo celebrando-lhe a resistência franca, é agora um símbolo e bem pode convocar-se como apelo ao respeito pela nossa Mãe-Natureza, por todas as criaturas verdes que Javé plantou nesse Éden antigo onde nos cabe retornar, entrando em festa, ramos de oliveira nas mãos, garantindo que a paz e o pão, entre os irmãos, se tornarão um bem permanente e verdadeiro.

no verão
no inverno

O “Castanheiro da Guerra”, com um perímetro de tronco de um pouco mais de 14 metros, situa-se na Freguesia das Antas, no Concelho de Penedono. Mantém ainda hoje uma franca produção de castanhas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui