A RTP tem em Israel um enviado-especial que é uma espécie de mestre sala da propaganda israelita. O que ele diz é quase sempre a versão oficial do governo ou do exército de Israel e o que ele mostra são reportagens insípidas autorizadas pela censura militar israelita. Não há um palestiniano nas reportagens de Paulo Jerónimo, infelizmente.
Quem já andou por aqueles lados, em situações de crise político-militar, sabe que é possível ir a Ramallah e ouvir o que os organismos palestinianos têm a dizer sobre as questões. De Jerusalém a Ramallah são 50 minutos de carro, se não contarmos com o tempo que se pode gastar no checkpoint do exército israelita.
Mas este jornalista não parece interessado em causar incómodos a quem lhe deu um visto de entrada no país. Por vezes, emprega terminologia que deixa transparecer doutrinação política, como, por exemplo, referir as organizações palestinianas como “os terroristas” enquanto que para os protagonistas israelitas utiliza designações oficiosas.
Se formos a medir o grau de terror que as partes em conflito têm provocado nas populações civis, o terrorismo israelita vai muito à frente. Mas o que vemos é o repórter a perguntar a um israelita se vive com medo, para depois nos mostrar as marcas de estilhaços numa parede de um infantário.
Lamentável, mas o medo vive em Gaza e na Cisjordânia e depois de 10 meses de tiro ao alvo, o exército israelita destruiu de cima a baixo centenas de escolas e infantários, universidades e hospitais na Faixa de Gaza.
A reportagem de Paulo Jerónimo em Kiryat Shmona mostrou-nos israelitas preocupados com o futuro, que querem próspero e sereno. Nenhuma preocupação com o contraponto.
Se Paulo Jerónimo quisesse, poderia ir a Belém. Visitava a gruta onde Cristo nasceu e ia ver o que se passa em Battir, um local palestiniano que é Património Mundial da UNESCO e que está em vias de ser invadido por um novo colonato de judeus. Mas estamos a falar de um repórter fraquinho e mal orientado.