Carta aberta a Carlos Moedas

Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

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Sou munícipe de Lisboa há muitos anos. Mais de 50.

Não sei quanto o senhor gastou nos placards de publicidade que foram mandados retirar pela CNE, nem quanto custou cumprir a ordem. Mas sei que em plena Lisboa, na zona de Sete Rios e ruas adjacentes, até às Portas de Benfica, mandou substituir as paragens de autocarro. Via-se que, num dia, punham uma pedra e, três dias depois, outra pedra. Finalmente, foram levantadas as estruturas, sem pára-ventos. Até os painéis de informação electrónicos, onde se deveria ver a hora da chegada do próximo autocarro, não estão a funcionar.

Em Sete Rios, os parquímetros ora aceitam moedas de 50 cêntimos ora só aceitam as de um euro. Deve a EMEL estar a poupar no papel, já que comprovativos de pagamento, nem vê-los.

As ruas são limpas diariamente pelos funcionários da Junta de Freguesia de S. Domingos de Benfica que agora têm trabalho a dobrar. Com efeito, o senhor mandou colocar os contentores para receber o lixo orgânico. Todavia, estes não têm fundo e estão assentes em pezinhos, o que cria um vazio por onde o lixo escorre para a rua.

Recentemente, abordei dois senhores que estavam a tratar dos contentores. Disseram que pertencem a uma empresa privada e que os estavam ‘a arranjar’. Já? Uma empresa privada? Qual é o custo disto? Os contentores foram colocados há um mês…

Há algum motivo para não se ter optado pelos sistemas usados, por exemplo, em Matosinhos (há mais de três anos), em Cascais ou em Oeiras? Ali, nas caixas do correio, são distribuídos sacos próprios, que se colocam em contentores de compostagem, devidamente fechados.

Preferiu o Sr. presidente da CML sistemas mais baratos e incompletos?

E o que dizer dos alertas que são feitos no portal Na Minha Rua e que não têm resposta nenhuma? E das reclamações no site da CML que também não têm resposta. E das poucas respostas em que dizem que estão a resolver.

Na Praça de Espanha foram feitas várias obras e jardins. Desde que o senhor é responsável pela CML aqueles jardins já são só mato. Em dias de sol estão sequíssimos. Em dias de chuva são pântanos. Não há um equipamento para crianças pequenas. Até têm alguns de luxo, destinados aos cães. Para crianças é que nada. Para os miúdos mais crescidos tem uma estrutura de madeira e cordas, sem nenhuma vedação nem protecção, onde, não raro, vemos os cães a fazerem necessidades, sem que os donos as limpem. Tem, isso sim, um parque de ginástica para os velhos onde, igualmente, os cães se aliviam…

O senhor está preocupado com os sem-abrigo que dormem na Avenida José Malhoa? Talvez, nos dias mais frios possa pedir aos responsáveis pelos prédios desabitados (quase todos dependências bancárias e similares) que abram as portas e deixem pernoitar os que fizeram dos átrios de entrada casas suas…

sem abrigo na avenida José Malhoa

Os impostos em Lisboa não são propriamente os mais baratos do País. O senhor quer soluções, desça do seu pedestal e fale com os munícipes. E, sobretudo, sirva Lisboa, em lugar de se servir dela. Poupe o nosso dinheiro e gaste-o devidamente, em lugar de o esbanjar em soluções que não são nem ‘para inglês ver’.

Quase todas estas queixas foram reportadas, em vão, Na Minha Rua e em reclamações à Câmara. Obrigada pela sua atenção, se é que no la dá.

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