O jornal israelita Haaretz publicou em 7 de março uma reportagem a dar conta de tratamento desumano nas prisões israelitas, abusos durante os interrogatórios e de 27 palestinianos mortos enquanto estavam sob custódia dos militares israelitas.
O jornal diz que o exército israelita abriu uma investigação para apurar as circunstâncias em que ocorreram as 27 mortes de prisioneiros, desde o início da guerra em Gaza. Os detidos morreram nas instalações militares Sde Teiman, Megiddo e Anatot ou durante interrogatórios em outras instalações não especificadas em território israelita.
Testemunhos de palestinianos libertados desses presídios militares, falam de espancamentos e abusos cometidos por soldados durante interrogatórios. De acordo com um relatório da UNRWA publicado pelo The New York Times na terça-feira, os detidos libertados testemunharam que foram espancados, roubados, despidos, agredidos sexualmente, permaneceram na cadeia sem assistência médica nem apoio jurídico.
O número total de palestinianos detidos por Israel é desconhecido, mas estimado em mais de 3200 prisioneiros. O jornal Haaretz cita um porta-voz militar que afirmou que “desde o início da guerra, as IDF têm operado vários centros de detenção, onde estão detidos que foram presos durante o ataque do Hamas em 7 de outubro ou durante a campanha terrestre na Faixa de Gaza. Os detidos foram levados para as unidades prisionais e interrogados. Qualquer pessoa que não tivesse ligação com operações terroristas foi libertada de volta à Faixa de Gaza.”
De acordo com a lei atualmente em vigor, aprovada recentemente, os detidos podem ser mantidos até 75 dias sem ver um juiz.
Para além do que foi agora publicado pelo Haaretz, os meios palestinianos há muito que denunciam casos de tortura e de assassinatos dentro dos cárceres israelitas.
Foi o caso do médico pediatra Saeed Abdul Rahman Ma’rouf, que trabalhava no Hospital Batista Al-Ahli , em Gaza. Saeed foi detido em dezembro. Durante 7 semanas permaneceu amarrado de pernas e mãos e de olhos vendados. E depois foi libertado.
A conhecida ativista Ahed Tamimi foi detida em 6 de novembro para ser libertada 24 dias depois. Quando saiu não calou acusações contra o tratamento que os militares israelitas infligem aos prisioneiros, sejam homens ou mulheres. Ela revelou que permaneceu o tempo todo algemada, dentro da cela, a dormir no chão de pedra, sem muda de roupa e com pouca água e comida. Disse que os carcereiros ameaçaram matar o pai dela, que ainda está detido numa cadeia israelita.
Nos casos de prisioneiros mortos durante o cativeiro, não há um exemplo de que tenha sido feita uma autópsia para despistar as causas da morte. A notícia do Haaretz fala em 27 mortes e cita fontes militares que as justificam com doenças ou ferimentos anteriores à detenção. Nalguns casos pode ser verdade, em muitos não será.
Ezzedine Ziyad Abdul Banna talvez seja o caso mais falado nos meios palestinianos, em que haverá evidências fortes de ter sido torturado até à morte. Abdul Rahman Bahsh e Khaled Moussa Jamal al-Shaweesh, são outros exemplos suspeitos de morte após tortura.
Fontes: Haaretz e Global Resistance News