ALICE MARQUES

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Alice passou pela vida de modo quase anónimo. Apenas alguns tiveram o privilégio de sentir o brilhantismo do pensamento, o empenho profissional, a dádiva pessoal, a alma grande que fazia dela uma pessoa diferente.

Devo ter sido o último dos seus amigos a conhecê-la. Cheguei demasiado tarde, azar meu. Uma das coisas boas que este site proporciona é conhecer gente interessante. Foi o caso de Alice, que escreveu 35 crónicas Contra(o)Tempo. Todas brilhantes. Algumas revolucionárias. Outras reivindicativas. Algumas confissões pessoais, frágeis. Todas didáticas.

“És um revolucionário permanente, que acredita no efeito das palavras. Eu também, ou não teria sido professora 44 anos”, foi a última coisa que me disse.

Hoje perdemos muito. A Alice Marques morreu.

4 COMENTÁRIOS

  1. Agradeço-te, Carlos, o tocante testemunho acerca da nossa Amiga Alice que partiu, após tantos meses de intenso sofrimento.
    Tive o prazer de ta apresentar; tive o enorme gosto ao ver o entusiasmo com que aceitaste as crónicas dela logo desde a primeira; temos o enorme desgosto por a doença no-la ter arrebatado, quando ainda almejávamos usufruir durante muito mais tempo da sua companhia. Perdemos. Perderam os seus alunos e, de há uns meses, os leitores de Duas Linhas. A frase que escolheste para epígrafe do teu texto retrata bem a forma como Alice encarava a leccionação: provocar a reflexão e não instilar conceitos feitos.
    Agradeço-te o testemunho. Também eu o tenho que dar; mas a dor da inesperada partida (sempre acreditei que conseguiria sobreviver) não me consente ainda a serena lucidez necessária.
    Abraço!

  2. Uma nota de pesar pela partida da Alice Marques. Uma palavra de admiração pela sua escrita, conduzida por esse pensamento brilhante que o Carlos Narciso refere.
    Por algumas dessas 35 crónicas, talvez todos a tenhamos conhecido um pouco, ou adivinhado o seu lado saudavelmente revolucionário e reivindicativo.
    Os meus pêsames à família, aos Amigos chegados e a todos os outros que, não tendo a sorte de a conhecer pessoalmente, se sentiam amigos também. É o meu caso.
    Os meus pêsames ao Carlos Narciso. Este site perdeu uma colaboradora de imenso mérito.

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