A morte raramente traz alegrias a alguém, mas não é o caso. Adivinham-se felizes reuniões familiares, jubilosas manifestações de rua, Moet-Chandon a rodos em alguns esconsos políticos, um pouco por toda a Angola.
Claro que alguns chorarão. A família enlutada e os afilhados enriquecidos pelo regime. Mas o testamento está feito, a família não ficará mal e o tempo depressa fará esquecer o desgosto. Os afilhados continuam nos galhos do poder, sempre prontos para assaltar a moamba do povo.
De facto, Zédu já morreu politicamente, deixou de existir quando resignou a favor de João Lourenço, em 2017. Mas a morte física é um marco simbólico forte.
Pode ser que a oligarquia e ministros percebam que também morrem como os outros e o que fica deles é a memória que deixam. Zédu será lembrado como o grande cleptocrata.
E pode ser que o povo perceba que não pode esperar toda a vida que oligarcas e governantes corruptos morram de velhos. É que eles vão ao médico, em Paris, Barcelona, Nova Iorque, Lisboa e demoram a morrer.