MORTANDADE EM MYANMAR

As notícias que chegam de Myanmar (antiga Birmânia) são, quase sempre, relativas a desgraças, repressão militar, perseguições políticas, genocídio perpetrado pela ditadura militar sobre o seu próprio povo. As principais vítimas têm sido pessoas do grupo étnico rohingya, uma minoria de religião muçulmana.

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Chegam agora notícias sobre perseguições a um outro grupo minoritário, os bayingyis. Acontece que estes bayingyis são católicos e descendentes longínquos de uma comunidade portuguesa que se instalou na Birmânia no século XVI.

O alerta foi dado pela organização AILD, acrónimo de Associação Internacional dos Lusodescendentes. No site da AILD vem um relato pormenorizado sobre ataques a aldeias de bayingyis e o apelo à ajuda internacional, para tentar parar a matança.

“O suprimento de alimentos, medicamentos, apoio financeiro e moral são extremamente necessários a quem perdeu tudo e não tem qualquer tipo de segurança quanto ao que lhes reserva os próximos meses. É através da Igreja que poderão receber esse apoio, pelo que quaisquer donativos devem seguir exclusivamente via Arquidiocese de Mandalay, a única instituição com capacidade para chegar às populações e em condições de dialogar com as forças do regime.”

A Igreja Católica parece ser a via possível para fazer chegar ajuda humanitária às vítimas. Mas há a via diplomática. Portugal teria de mexer os pauzinhos para ter alguma influência sobre estes acontecimentos. Timor-Leste, por ser o membro asiático da CPLP e ter alguma proximidade com Myanmar, podia ser uma ajuda valiosa para o auxílio aos bayingyis.

Comunidade portuguesa fundada há 500 anos

É verdade que nunca ligámos importância à desgraça que desde há muito se abate sobre os rohingya. A distância geográfica pode ser uma desculpa, mas as verdadeiras razões prendem-se com preconceitos quanto aos muçulmanos e a “chinocas”. Mas, agora, talvez por se tratar de gente que andámos a semear pelo mundo…

No final do século XVI, precisamente em 1599, um tipo chamado Filipe de Brito chegou a ser governador de Sirião, uma cidade portuária importante naquela parte da Ásia, naquela época.

pintura de Filipe de Brito montado num elefante

É verdade que a história de Filipe de Brito não teve um final feliz. Mas agora é a vida de dezenas de milhares que pode acabar mal.

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