Os agentes da PSP sempre se queixaram de ter salários baixos. A perceção que o público tem é que no interior da corporação se vive em permanente tensão. Os índices de suicídios ajudam a essa perceção.
Quem acompanhou o nascimento da sindicalização na PSP, sabe bem que sempre existiu exploração laboral. Horas extraordinárias de trabalho sem pagamento, trabalho em férias e folgas sem remuneração, é o que transpira para fora da PSP. Infelizmente, os sindicatos não conseguiram acabar com isso.
A notícia de hoje diz respeito à intenção do comando distrital da PSP de Faro usar mão-de-obra dos agentes, em trabalhos de construção civil nas instalações da polícia. Ou seja, trabalho não pago, certamente a ser prestado fora das horas de serviço. Costuma chamar-se a isto escravatura.
A ideia será recuperar instalações para albergar as equipas do Corpo de Intervenção que irão ser deslocadas para o Algarve durante o verão.
A ASPP, Associação Sindical dos Profissionais de Polícia, já denunciou publicamente a pretensão do comando distrital de Faro e pediu ao diretor nacional da PSP para repudiar a ideia.
A acomodação dos agentes da PSP deslocados, sempre foi um problema. Muitos dormem em dormitórios nas esquadras, tantas vezes sem condições de salubridade ou de dignidade. A corporação devia abrir concurso público para a manutenção das suas instalações, em todo o país. Transparência e respeito pelas regras na gestão orçamental é o que se exige.