Um bastonário da ordem dos médicos afirmou que os jovens médicos não deviam, financeiramente, nada ao país… (li esta afirmação). Cheguei a pensar que seria uma notícia falsa por tão absurda que é a afirmação, mas não…


Já se afirmou que o número de médicos é suficiente, já foi dito o contrário… Razão de que lado? Vamos fazer um raciocínio linear: numa consulta, “rotina”, qual é o seu tempo de duração? Não está definido. Penso que administrativamente está. Conscientemente, deveria ser de 20 a 25 minutos, porque a “leitura”, por parte do médico, das análises mandadas fazer, por necessárias (está em causa a saúde do contribuinte que deve continuar a sê-lo e assim garantir o sistema), seguindo-se a revisão da medicação… penso que este tempo é mínimo e, se calhar, não chega. Falamos de rotina, não de consulta que se pretende consciente, quando o caso, infelizmente, não é rotineiro. Este “meu tempo”, atribuído por mim, não é correcto de forma nenhuma. O médico, em seis horas de trabalho, não consegue, honestamente, ver mais que 10 contribuintes e possui cerca de 1800 contribuintes ao seu cuidado. Que contabilidade faremos, em modo de “gasto de tempo”, para consultar todos os utentes? Claro que não são todos consultados, uns atrás dos outros. O que queremos demonstrar com esta “contabilidade”? Dizer que os tempos atribuídos a um médico, média, é uma “forma de pressão”, financeira, e tem tudo a ver com os “tais gastos” na saúde. A saúde não tem gastos. A saúde é um bem necessário, e os tais “gastos” são a normal despesa que temos, para garantir que o contribuinte continua a “financiar” o sistema de saúde, com a sua saúde.
Encurtar tempos de consulta só porque é dispendioso… Serve quem? Se está em causa o bem estar do cidadão que garante o financiamento do SNS? Quem tem o direito de se meter no “meio”, contribuinte e prestador de serviço, pago pelo próprio contribuinte, para retirar o direito que cabe ao utente? Quem quer manobrar o financiamento? Criou-se uma classe de chantagistas? Claro que esta palavra e actuação é o que nunca designará um prestador de serviço em saúde de formação nacional, e neste país. Então, temos que actuar sobre o que se passa na saúde em termos de: estruturas, prestadores de serviços, monopólios e eventualmente… quem sabe, cartelizações. Eu pago, para a saúde, demasiado da, e na, “minha vida”, para que me façam sentir, ainda, devedor e eternamente agradecido, com a prestação dos serviços. Não se atrevam, nunca, e sequer, a dar-me por esmola o que me cabe por justiça!
Dentro de um qualquer departamento ligado à saúde, centro de saúde ou hospital, não devem existir condados, reinos. São os prestadores do serviço de saúde, homens e mulheres, a quem o contribuinte respeita e espera profissionalmente e humanamente um excelente desempenho, quem nos ajuda a ter melhor qualidade de vida. A nossa homenagem a esses que fizeram no juramento de Hipócrates um modo de vida social e profissional.
(para ler a 1ªparte deste artigo)



