CADA TIRO, CADA MELRO

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“Carreira de Tiro” é a mais recente compilação de crónicas de Vítor Ilharco. O título foi utilizado, primeiro, numa coluna de opinião no site Duas Linhas onde, de resto, Ilharco escreveu algumas das crónicas agora apresentadas em forma de livro. Essa coluna já não existe, o autor transferiu-se para um jornal a sério, e fez muito bem, que é o Página UM.

Este livro de crónicas saíu agora e lê-se numa penada. Depois de lermos a primeira, só queremos ler a segunda. E depois da segunda, não resistimos em passar para a terceira. Quando chegamos à última soube-nos pouco. Juro que é verdade.

O proverbial humor do autor está esparramado nos escritos que publica. Tanto dá para a gargalhada como para o sorriso sacaninha. Os apreciadores do sarcasmo sabem o que isso é.

São crónicas do dia-a-dia de Portugal, este país magnífico. Por exemplo, no escrito intitulado “Uma crónica ao alcance de todos”, Ilharco escreveu: “António Costa, que se viu forçado a pedir a demissão do cargo de primeiro-ministro, fazendo cair um Governo eleito com maioria absoluta, devido a uma suspeição do Ministério Público sobre a sua honestidade, viu agora o mesmíssimo Ministério Público reconhecer que não há qualquer razão para o constituir arguido. Não há notícia de qualquer demissão no Ministério Público”. O resto não conto, não vos quero estragar a curiosidade.

Há uma outra crónica onde Ilharco pergunta “Portugal: um país corrupto?” para, no final, responder com outra pergunta. Diz ele que “somos o 33º país menos corrupto porque os juízes os libertam, o que permite não baixarmos na classificação, ou porque se condenam inocentes e podíamos estar melhor? De qualquer modo, o número envergonha. Será que alguém pode pagar, por baixo da mesa, a quem faz estes estudos, para conseguirmos algo melhor?”

Enfim, procurem o livro. Se não o encontrarem nos escaparates das livrarias encomendem-no. Basta dizer no balcão que querem “Carreira de Tiro” de Vítor Ilharco, da Edita, ISBN 978-989-636-743-5

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