Até ao final do Século passado, nas nossas cadeias, algumas celas não dispunham de casa de banho, nem instalações sanitárias, pelo que, aos reclusos, eram dados baldes para eles usarem como sanita e com a obrigação de os despejarem, e lavarem, na manhã seguinte. O referido apetrecho tinha o extraordinário nome de “balde higiénico”!
A pouco e pouco as celas foram sendo munidas de sanitas acabando com aquela vergonha. Para nosso espanto, todavia, o balde “higiénico” regressou.
Um recluso do Estabelecimento Prisional de Chaves necessitou de ser transferido, por razões de saúde, para o Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo. Onde chegou a 10 de Março.
Foi colocado numa cela sem cama (dorme no chão), sem lavatório nem sanita. Foi-lhe dado um exemplar do balde “higiénico” (talvez trazido do Museu da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais).
Até hoje, e apesar das diligências do recluso e da APAR, a situação mantem-se. Ou seja, há um português (pelo menos) que, estando preso à guarda do Estado, tem que habitar numa cela com as condições acima descritas. Dormindo toda a noite numa cela ao lado de um balde com os seus próprios dejetos.
É sabido que a maioria das nossas cadeias são espaços de terceiro mundo, que deveriam envergonhar os cidadãos que sonham por um país moderno e democrático, onde os Direitos Humanos sejam respeitados, mas, ainda assim, há situações que ultrapassam todos os limites.



