
Nesta data, Aquilino pouco mais teria que dez anos e estudava no Colégio da Lapa, não sabia bem se para padre ou para doutor.
A Maria Loia rondava também aquela idade, morava na sua vizinhança, ao Carregal, e viera à Lapa já mocinha de recados, com um fato à cabeça para entrega a um estudante. Viera a pé, com o Manuel, o irmão mais velho, e demais gente que nessa ocasião também vinha à romaria.
Houve, nesse dia, missa cantada na capela. A Loiita, como Aquilino mais tarde lhe chamou, furou por entre a multidão e foi espreitar rente às grades do altar.
Foi então que Aquilino reparou no gesto da Loiita que apontava, insistente, com o olhar e com a mão, o bolso de riscado do pequeno avental.
Quando o ofício terminou, quando o povo, em novelo, já saía da capela, Aquilino escapou-se da fila do Colégio e lá foi ter com a Loiita, curioso do segredo.
– É uma rolinha nova!… E meteu nas mãos do amigo a rola pequenina.
Mal tiveram tempo de falar. O maldito do prefeito correu logo pressuroso, a apartar o jovem par.
– Avia-te a estudar, para vires embora!…
Pobre Maria Loia, quando o teu amigo voltar, já não haverá grilos a cantar pelos lameiros, terão murchado, nos corgos, as prímulas amarelas com que antes te coroava de princesa!…
Há-de ficar, por consolo, a memória desse amor ingénuo, com o eterno sabor das amoras sumarentas de verão que os dois terão colhido nas silvas dos caminhos.