Numa entrevista publicada no jornal Times of Israel, o General Dan Goldfus, um dos comandantes militares mais empenhados na vingança do 7 de outubro, garante que Sinwar quase foi apanhado.

Transcrevemos palavra a palavra, um extracto do que está publicado:
“Questionado numa longa entrevista sobre a eminente detenção do arquiteto da invasão e massacre do Hamas a 7 de outubro em Israel, o Brigadeiro-General Dan Goldfus respondeu: Foi por pouco. Nós estivemos no seu esconderijo, num túnel. Estava ‘quente’.
O que é que isso significa? perguntaram-lhe.
Encontramos muito dinheiro lá. O café ainda estava quente. Armas espalhadas por todo o lado.
– Então ele escapou por minutos?
Goldfus respondeu: Minutos, realmente.”

Yahya Sinwar é o troféu de guerra que Israel persegue afincadamente. Não só por ele ter sido referenciado como o arquiteto do ataque de 7 de outubro, mas porque agora ele foi eleito sucessor de Ismail Haniyeh, recentemente assassinado num ataque israelita em Teerão.
Em teoria, Sinwar irá substituir Haniyeh também como negociador nas conversações para um cessar-fogo e a libertação dos reféns. Ao escolher Sinwar, talvez o Hamas esteja a tentar garantir-lhe um estatuto que lhe permita obter um salvo-conduto para que possa sair de Gaza. Mas se for isso, é pouco provável que Israel conceda essa facilidade. O substituto de Haniyeh deverá ser igualmente perseguido e morto, assim que surgir a oportunidade. Essa é a prática habitual de Israel, principalmente quando o inimigo é imensamente mais fraco.
Estas declarações do General israelita podem ser verdadeiras, mas é estranho não ter sido exibida nenhuma prova do que ele diz que se passou. Numa guerra onde tudo tem sido gravado e difundido na imprensa canónica e nas redes sociais, não há um vídeo que se veja? Também é possível que Sinwar seja um bebedor de café, mas talvez fosse mais convincente se o General tivesse dito que “o chá ainda estava quente”.
A entrevista com o General tem muitos milhares de palavras escritas, mas nenhuma sobre as carnificinas executadas pelos soldados israelitas. Nenhuma palavra sobre as dezenas de milhar de crianças mortas e feridas, dezenas de milhar de mulheres mortas e feridas. O jornal faz notar que a cifra de 39 mil palestinianos mortos nestes 10 meses é uma cifra que não pode ser confirmada e que, além disso, escreve que não há como distinguir entre palestinianos civis e palestinianos guerrilheiros. Portanto, do ponto de vista israelita, será aceitável matar todos.
Também não há nenhuma referência ao falhanço militar israelita, pelo facto de Sinwar não ter sido neutralizado ao fim de 10 meses de combates e de destruição absoluta das infraestruturas da Faixa de Gaza, desde hospitais, escolas, residências, como se tudo fossem quartéis da tropa do Hamas e túneis onde se armazenam armas e bombas.



