PEDOFILIA: MAIS SUSPEITAS ENVOLVEM TRUMP

Quem acreditar que há regras no combate político, é ingénuo ou parvo. É verdade que os políticos portugueses são meninos copos-de-leite ao pé dos falcões estadounidenses, mas temos tido imensos casos de “trunfos” guardados para quando o golpe for mais doloroso. O “caso Casa Pia”, a “Operação Marquês” ou o “caso Spinunviva” são apenas exemplos de um rol extenso de vendettas, traições e sacanices do mundo da política nacional. Mas, nos States, a escala é outra.

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Há segredos que não servem para proteger a segurança de um país, mas a impunidade dos poderosos. O caso Jeffrey Epstein é um desses labirintos em que a verdade parece estar sempre a um documento de distância – e onde cada nova revelação levanta mais perguntas do que respostas.

Nos últimos dias, o Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes dos EUA, controlado pelos democratas, divulgou uma série de emails trocados por Epstein com figuras do seu círculo próximo. Num deles, o falecido milionário refere que Donald Trump “passou horas” na sua casa com uma das vítimas de tráfico sexual.

Noutra mensagem, afirma que o ex-presidente “sabia das raparigas” e chegou a pedir a Ghislaine Maxwell (sócia e namorada de Epstein) que “parasse”.

Há mais emails, mas talvez estes dois sejam os mais “interessantes” para percebermos o peso das suspeitas que envolvem o Presidente dos EUA.

Os democratas do Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes afirmaram que os emails e mensagens divulgados, selecionados entre mais de 23 mil documentos recebidos pelo Congresso, levantaram novas questões sobre a relação entre os dois homens. “Quanto mais Donald Trump tenta encobrir os arquivos Epstein, mais nós descobrimos. Esses e-mails e correspondências recentes levantam questões evidentes sobre o que a Casa Branca está a esconder e a natureza da relação entre Epstein e o presidente”, afirmou na televisão Robert Garcia, deputado democrata da Califórnia, membro do Comité de Supervisão.

Robert Garcia, deputado democrata da Califórnia, membro do Comité de Supervisão, quando denunciava Donald Trump num canal de televisão dos EUA

A Casa Branca reagiu como seria de esperar: negou tudo, acusou os democratas de difamação e afirmou que os emails foram divulgados “fora de contexto”. É o guião habitual — negar, relativizar e atacar quem levanta a suspeita.

O que está em causa, porém, é mais do que o conteúdo de uma correspondência: é o pacto de silêncio que continua a proteger Donald Trump e a opacidade em torno dos chamados Epstein Files. O Congresso recebeu mais de 23 mil documentos, mas apenas uma pequena parte foi tornada pública. E essa parte já é suficiente para perceber que há muito que ainda não veio à superfície.

Nos Estados Unidos, a transparência é um valor proclamado, mas raramente aplicado quando o poder em causa é presidencial. Há um evidente duplo padrão: se fosse um congressista democrata a surgir nos emails de Epstein, as manchetes gritariam “escândalo”. Mas quando o nome é Trump, o noticiário vem acompanhado de cautelas semânticas e notas de rodapé.

Os “Epstein Files” são, por isso, menos um caso de moralidade e mais um espelho do poder. Mostram até que ponto um país disposto a julgar o mundo hesita em confrontar os seus próprios monstros. O silêncio em torno de Trump é político, calculado e cúmplice. E, enquanto o segredo continuar a ser o escudo dos poderosos, a verdade permanecerá refém de quem tem medo dela.

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