Zelensky foi a Washington tentar convencer Trump a trocar mísseis Tomahawk por drones de fabrico ucraniano. Pelo que foi possível perceber, não terá conseguido persuadir o Presidente dos EUA a negociar nesses termos. Trump limitou-se a dizer que “temos muitos drones”, como quem descarta a proposta por desnecessária.

Desta vez, Trump não maltratou Zelensky. Desde aquela célebre reunião na Sala Oval, transmitida em direto pelas televisões, em que o anfitrião humilhou abertamente o presidente ucraniano, cenas desse calibre não se voltaram a repetir. Zelensky também aprendeu a lição: já não surge em Washington de t-shirt verde-militar, mas de calças e casaco escuros, num registo mais sóbrio – embora ainda dispense a gravata. Um dress code que, ao menos, já não ofende Trump.

O Presidente americano, por seu lado, parece ter recebido algumas aulas intensivas de boas maneiras: já não se exibe com a mesma condescendência pública. Ainda assim, é evidente que continua a menosprezar o interlocutor, a quem reconhece valor apenas enquanto oportunidade de negócio para a indústria de armamento norte-americana, naquele esquema que os EUA impuseram: a Europa compra e entrega à Ucrânia.
Trump admira homens que considera seus pares – líderes poderosos como Xi Jinping ou Putin. E, se o dirigente chinês é o verdadeiro adversário estratégico, Trump precisa que a Rússia não se aproxime em demasia de Pequim. Em suma, o destino da Ucrânia, a sua integridade territorial e o eventual fim da guerra dependem de fatores que estão muito para além do controlo de Zelensky.