A (a)normalidade

Uma ausência forçada tem-me impedido de ver televisão e ouvir notícias e receber alguma informação. Coisas que acontecem quando se está vivo. Depois, por uns dias, regresso à normalidade, à anormalidade.

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Vamos por pontos: vejo o presidente da Câmara de Lisboa, impante, a falar dos seus feitos, a maioria dos quais ainda da competência do anterior titular do cargo e outros de que é melhor nem falar, como seja as obras que levaram a que milhares de baratas invadissem toda a cidade. Há, pois, medidas preventivas que não foram tomadas e outras que tardam.

As reclamações efectuadas no portal A Minha Rua continuam a dar as situações como ‘resolvidas’. Mas, quem chega a Lisboa via Sete Rios, os ratos e as baratas recebem todos alegremente. E dos serviços da Câmara ou da Junta de Freguesia de S. Domingos de Benfica, nem nada. Prometem desbaratizações (os condomínios estão fartos de gastar dinheiro nas mesmas) mas tudo é feito à superfície. As tampas dos esgotos não são levantadas e os mesmos não são limpos com potentes jactos de água que levem a bicharada para longe.

O lixo continua a amontoar-se, os turistas invadem cada vez mais uma cidade que deveria ser para quem cá vive. Mas, pelo contrário, destrói-se o comércio tradicional e degrada-se o espaço público. Carlos Moedas inaugurou, há cerca de um ano, com pompa e circunstância, as obras na Praça Humberto Delgado, em frente ao Jardim Zoológico. Obras sem tom nem som, sem árvores, com bancos de pedra ao sol e com repuxos que só funcionam ocasionalmente, a despeito do calor que se tem feito sentir. O importante é que apareça nos telejornais a divagar sobre os seus ‘feitos’ enquanto presidente da Câmara que, analisados, são menos de nada. Só prejudiciais.

O abandono em que se encontra o novo Parque Gonçalo Ribeiro Telles, na Praça de Espanha, com um canal de água que nunca a viu, flores que já morreram há muito e mato, deve ser mostrado a todos quantos votaram em Moedas, para que a história não se repita. Isto para não falar em parques infantis inexistentes, com escorregas de metal…

RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA NO BOOKING

Mais vergonhoso ainda é o que se está a passar com a Residência Universitária de Benfica, inaugurada em Setembro do ano passado, que alberga estudantes, incluindo dos PALOPs. Chegados ao final de Julho, e depois de terem sido informados de que poderiam ali ficar em Agosto, posto que não têm para onde ir, mandam-nos agora inventar ‘plano B, C, D, E ou F’ para poderem resolver o problema de alojamento.

Enquanto isto, o espaço aparecia no Booking a 60 euros a noite…

A verdade é que a Residência já tem paredes cheias de bolor, humidade por tudo quanto é sítio e a falta de condições é gritante. Todavia, como contou um aluno, para um programa televisivo, as tintas apareceram para pintar os espaços que estariam visíveis. Nesse dia, os estudantes nem podiam entrar pela porta da rua, mas antes pelo lado das cozinhas.

Aliás, os alunos que se queixam no grupo do WhatsApp, onde se encontram os estudantes e responsáveis pela Residência, foram instados a queixarem-se das condições em privado e não naquele grupo.

As reclamações – desde estantes a cair, portas sem maçanetas, estores avariados, autoclismos avariados – caíram em saco roto ao longo do ano escolar. Algumas foram resolvidas em Maio, quando se aproximava o fim do ano lectivo…  Curioso é ainda que, tratando-se de estudantes universitários, nem a NET funcionava.

Um aluno estrangeiro, impossibilitado de ir passar férias a casa, lembrou mesmo que, à entrada do edifício, tem uma placa indicativa de Residência Universitária de Benfica e salientou o articulado da RUB que estipula que esta ‘deve proporcionar aos seus residentes (estudantes) condições de estudo e bem-estar, facilitando a sua integração no meio académico, bem como na Freguesia de Benfica’.

Portanto, um regresso à (a)normalidade.

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