PREMIAR OS MELHORES

Em louvor do livro e da leitura

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Já muito se terá dito e escrito a propósito da sessão que viu consagrados pela Estoril Sol Lídia Jorge, Francisco Mota Saraiva e José Pacheco Pereira, galardoados, respetivamente, com os prémios literários Fernando Namora e Agustina Bessa-Luís, e o Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural.

Do romance Misericórdia, da algarvia Lídia Jorge, se realçou que, «numa escrita marcada por singular criatividade, transfigura ficcionalmente a matéria do real que o suscita e, na construção da personagem nuclear como de outras, nos múltiplos momentos da efabulação, nos planos em torno dos seus universos sociais, emocionais, afectivos, e nas notações de um processo de perda sem excessos descritivos, exprime uma voz com atributos incomuns de generosidade e humanismo». Explicação digna de júri letrado, claro está.

Do romance Aqui onde Canto e Ardo, de Francisco Mota Saraiva, a apreciação foi a seguinte:

 «É a saga de uma família que a história portuguesa do século XX fez existir entre três continentes, Ásia – Índia, África – Moçambique, Europa – Portugal. A diversidade imaginária desses três mundos é dada através de narrativas da memória de algumas das principais figuras da família. Nelas se recordam diferenças promotoras de violências diversas, das dores e angústias do poder sobre todas as suas formas».

Quanto a Pacheco Pereira, realçou-se o seu «empenhamento em prol da defesa do interesse público, em especial quanto ao conhecimento histórico e à preservação do património cultural, graças à criação da Biblioteca e Arquivo Ephemera».

Por conseguinte, o que ali se passou em nada está relacionado com o jogo, principal fonte de receita da empresa, mas sim com uma iniciativa a que há anos, denodadamente, meteu ombros, com pleno êxito e muito gáudio de todos nós.

Na verdade, também se aproveitou o ensejo para se envolverem em frases bonitas críticas certeiras e aplausos de muito louvar. Assim, Misericórdia deu azo a que se lançasse um olhar para os lares, os velhos, o abandono das pessoas; Aqui onde Canto e Ardo proporciona visão sobre uma sociedade dificilmente repartida e partida entre usos e tradições tão diversas; por seu turno, Ephemera, a iniciativa de Pacheco Pereira, mostrou como tanta documentação, da mais diversa índole, que corria mui sério risco de inevitavelmente se perder numa montureira, pode vir a ser motivo de teses de doutoramento e trazer, inclusive, como já aconteceu, insuspeitada luz sobre um passado que se quisera esconder.

De um modo geral, porém, oradores e premiados não se privaram de tecer rasgados elogios ao poder da literatura e do livro, numa altura em que o apressado digital ameaça subverter o privilégio de, pausadamente, se sentir a textura e o cheiro do papel impresso.

E não se deixou de aplaudir o facto de, apesar de todas as dificuldades, a Estoril Sol se haver mantido fiel ao programa de continuar a fomentar Cultura: apoio à Literatura, às Artes (com a sua galeria) e às actividades musicais.

entrega dos prémios Estoril Sol 2024

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