QUEBRA-CABEÇAS

Aquela coluna ali deitada em muro de pedras está mesmo a pedir que a retirem do cativeiro e lhe dêem lugar que merece no museu local.

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Assim pensa o arqueólogo ao descobri-la. Terá letras do outro lado? Será miliário romano que indicou, um dia, a distância em milhas entre dois lugares importantes ou simplesmente a usaram para assinalar a presença de uma via sem letras algumas?

Ali repousa, entalada quase na base da parede. Difícil será retirá-la, mormente porque apenas sobre ela impende uma suspeita e nada de concreto – e interessará agregar esforços para a retirar, se mera coluna for sem préstimo histórico de jeito?

Certo é que nos causa engulhos esta coluna de 1,72 m de comprido por 35 cm de diâmetro num dos topos, dada a conhecer por José Carlos Santos, no livro Carta Arqueológica de Moimenta da Beira (2025, p. 142). Está num edifício contíguo ao Solar dos Mergulhões, em Leomil, perto da igreja de São Tiago Maior, no concelho de Moimenta da Beira. Teria pertencido à via romana que passava perto em direcção a Carapito, onde se encontrou outro marco, igualmente sem qualquer letreiro, que publicámos em 2019?

A coluna de Carapito, possível miliário romano

De todos os tempos o hábito de se aproveitar para as construções material – sobretudo pétreo – à mão de semear. Se tem letras ou alguma moldura vistosa, ainda o pedreiro dá um jeito, acredita que valerá a pena deixar esse lado à mostra. Por gosto estético ou porque, no íntimo, considera que é capaz de poder vir alguém que lhe descubra significado e valor histórico. Quem sabe?

Quando, um dia, nas escavações de Freiria, em Cascais, o Aveiro e o Cláudio, dois dos moços nossos colaboradores, perguntaram se as pedras tinham olhos, porque haviam encontrado uma que estava a olhar para eles, longe estávamos todos de pensar que se tratava de uma singular carranca datável, mui possivelmente, mesmo do tempo anterior ao dos Romanos!… Guilherme Cardoso conta a história no capítulo 8 das suas Crónicas de Cascais, recém-publicadas pelo Município.

Carranca de Freiria

É assim: pormenores intrigantes, formas estranhas, uma laje de mármore lisa metida na parede entre pedregulhos de granito… são gritos de alerta que não podemos deixar de ouvir.

Por isso, vamos esperar que se consiga desvendar eventual segredo que esta mui singela coluna de Leomil esconda para nos contar.

(co-autoria: José Carlos Santos)

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