Na Guiné-Bissau, há uma dúzia de candidatos à Presidência da República, mas apenas se fala de dois: o incumbente Úmaro Sissoco Embaló e o rejeitado Domingos Simões Pereira. O líder do PAIGC foi rejeitado pelo Supremo Tribunal de Justiça, órgão que na Guiné-Bissau acumula as funções de Tribunal Constitucional.
Em simultâneo, decorrem as eleições legislativas. E talvez seja aqui que a oposição ao atual Presidente aposta as fichas. Se algum dos partidos conseguir maioria parlamentar, a vida na Guiné-Bissau pode voltar a contar com dias difíceis, como têm sido os do periodo que agora termina. A coligação apontada como favorita, API Cabas Garandi, igualmente liderada por Domingos Simões Pereira, também foi rejeitada. As duas rejeições foram justificadas por erros processuais e entrega de documentos fora do prazo estipulado pela lei.
Parece estar, assim, aberto o caminho para um segundo mandato de Sissoco Embaló. Os primeiros sinais da campanha que começou hoje, mostram-nos uma organização dinâmica, a campanha destaca-se pela sua identidade visual marcante, com as cores vermelho e branco, com padrão a fazer lembrar o keffyeh dos palestinianos. A fotografia do candidato está sempre em destaque. As palavras de ordem relacionam-se com mensagens de progresso e união nacional. A mensagem central da campanha reforça o compromisso do candidato em construir uma Guiné-Bissau mais estável, desenvolvida e justa para todos, consolidando o trabalho realizado e apontando para um futuro de confiança e prosperidade. Os apoiantes de Sissoco não têm dúvidas.
Ainda assim, há sombras ameaçadoras sobre os dias que se aproximam. Um grupo de militares foi detido, sob suspeita de preparação de um golpe de estado. A detenção foi efetuada pela chefia das Forças Armadas. O Presidente disse aos jornalistas que “o Governo tomou todas as medidas para que a campanha decorra em paz e segurança. Farei tudo para garantir a segurança do pleito. Cada ato terá resposta adequada. Não haverá desordem. Fui eleito nas urnas e vou sair pelas urnas”, afirmou Embaló.
Desde a independência, a Guiné-Bissau já experimentou quatro golpes de Estado, 17 tentativas de golpe e uma guerra civil que durou quase dois anos.



