PS LAVA AS MÃOS

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No caso Spinumviva, a empresa de Luís Montenegro, o Partido Socialista decidiu adotar a estratégia mais cómoda: lavar as mãos como Pilatos e deixar tudo nas mãos da justiça. José Luís Carneiro, com a pose mais institucional que arranjou, disse que “deve ser a justiça a analisar o caso”. Tradução: o PS não vai mexer uma palha.

Só há um pequeno problema: a justiça não julga ética política. O Ministério Público não está encarregado de avaliar se é aceitável que o primeiro-ministro diga que não tem nada a ver com uma empresa que é sua, que continua a ser gerida pela família, e que tem clientes que ganham contratos públicos com uma regularidade suíça. O escrutínio político cabe à oposição, não aos tribunais. Aparentemente, o PS prefere encolher os ombros e deixar que seja o Chega a fazer barulho.

Mas o silêncio do PS também comunica. E neste caso, o silêncio grita complacência. Ao abdicar de liderar uma comissão de inquérito, o PS parece dizer que não há nada de errado. Ou, pior ainda, que este tipo de situações é perfeitamente normal. Afinal, qual o político que nunca teve uma empresa em nome da família a facturar à conta da sua lista de contactos no Estado?

O PS não está apenas a fugir ao confronto com Montenegro. Está a entregar de bandeja o protagonismo ao Chega, que já se prepara para montar mais um espetáculo no Parlamento. E o PS limita-se a assistir da plateia.

A democracia precisa de oposição. É preciso dizer, com clareza, que há comportamentos que não são aceitáveis, mesmo que não sejam ilegais. Pedro Nuno Santos disse-o. Mas se o PS de agora não está disposto a assumir esse papel, talvez devesse considerar mudar de bancada.

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