O recente assalto ao Museu do Louvre, em Paris, tem tudo para inspirar Hollywood. É fácil imaginar um novo The Sting ou um Ocean’s Eleven à francesa, com um elenco de charme e um enredo sofisticado. São histórias que fazem rir e, de certa forma, glorificam os ladrões – herdeiros modernos de uma longa tradição de bandidos com aura de heróis: Robin Hood, o Zorro ou o nosso Zé do Telhado, que roubavam aos ricos para distribuir pelos pobres.
No caso do Louvre, não sabemos ainda se a riqueza roubada vai ter o mesmo destino. Talvez acabe em resorts tropicais e festas de luxo, o que não deixa de ser uma forma de distribuição de riqueza. De uma forma ou de outra, o dinheiro acaba sempre por ser redistribuído. A menos, claro, que a polícia francesa estrague o argumento antes do terceiro ato.
Mas há um detalhe que torna este episódio particularmente saboroso: o velho ditado “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”. O Louvre é, afinal, um cofre monumental de arte… em boa parte saqueada. Do Egito ao Benim, da Síria ao Sudão, muitas das peças ali expostas foram retiradas durante expedições coloniais e guerras imperiais. O Egito reclama há décadas o regresso da Pedra de Roseta; o Benim quer de volta os bronzes; e até o busto de Nefertiti, hoje em Berlim, continua a simbolizar a longa história de pilhagens europeias em nome da “civilização”.

O assalto ao Louvre resultou no roubo de joias avaliadas em 88 milhões de euros, segundo informação veiculada pela polícia francesa, citando o curador do museu. Uma quantia extraordinária, mesmo se o valor das jóias seja definido pelo trabalho de ourivesaria produzido com elas. Caso as joias venham a ser desmanteladas, talvez os assaltantes não consigam tanto dinheiro. Entre os itens roubados estão joias da coroa francesa e peças oferecidas por dois imperadores da Casa de Bonaparte às suas esposas.





De facto estas histórias de malvados revestem-se de algum encantamento para os adultos, equivalendo a certos contos de fadas para crianças, onde também havia gente boa e indivíduos perversos.
Aqui resta saber quem são os bons (se ainda os houver) e a identidade dos perversos.
Havia uma série francesa que via em miúda e que me entusiasmava tanto (Arsène Lupin) que passei a ter uma admiração profunda por Jean-Claude Brialy, o protagonista.
Homem encantador de mil identidades, O Ladrão de Casaca (subtítulo) era sempre absolvido pelo público.
Será isso que faz a glória de uma personagem e do seu intérprete.