O que me chamou a atenção para o trabalho deste repórter foram três fotografias de um miúdo que apanha pedaços de madeira para acender o fogo onde se há de cozinhar alguma coisa para comer.
As fotografias não são estrondosas, mas a vida desta criança é. Chama-se Muhammad Shehada, vive no norte da Faixa de Gaza, o lugar mais perigoso do planeta para quem for palestiniano. É ali que soldados israelitas matam 55 crianças por dia. !5 mil em 9 meses de guerra.
O repórter chama-se Zaher Saleh. Nas redes sociais procurem por @zaherwael19. Vão ficar estarrecidos.
Nas ruas de Gaza, onde as sombras pairam, o riso das crianças é interrompido pelo estrondo de explosões. Corpos amortalhados de poeira. Os sonhos de um povo emoldurados por muros. Adormecem a sussurar orações.
Ninguém merece o que estão a fazer aos palestinianos. As reportagens de Zaher Saleh mostram-nos um castigo injusto que terá de ser vingado, antes que haja paz.
Um jornalista que continua a pregar ao peito a palavra “press” sabe que se transforma num alvo para artilheiros e snipers israelitas. Até hoje, cerca de 150 jornalistas, homens e mulheres, tombaram sob a mira dos assassinos.
Todas as imagens inspiram muita dor, tristeza, impotência.
Também descrédito nas instituições nacionais que não sabem representar os interesses dos seus povos, e nas internacionais que elaboraram princípios de saudável coabitação no mundo, e afinal deixam que se repitam os horrores das guerras.
Pior é pensar, ao ver estas imagens de destruição material e humana, que o ódio é semeado por gerações e que será difícil erguer o edifício da Humanidade.
E os nossos amigos por aqui, não têm nada a dizer?