Portugal é um país de carros usados, muito usados e velhos. É o que dizem as estatísticas. Só nos últimos três anos foram importados quase meio milhão de carros usados. Entre 2019 e 2023 as importações de veículos usados aumentaram 37,8%.
A procura por carros usados justifica-se pelo preço das viaturas novas. Comprar um automóvel novo obriga a um investimento maior e como a maioria das pessoas recorre ao crédito, um carro novo significa sempre um encargo pesado durante vários anos no orçamento familiar.
A verdade é que o número de carros velhos em circulação nas estradas portuguesas tem consequências negativas para a segurança rodoviária e para o meio ambiente. Um carro mais antigo é sempre mais poluidor e consome mais combustível que um veículo idêntico novo. O negócio só é bom para as oficinas de reparação e para a revenda de combustíveis.
A necessidade de ter carro é grande. Há cada vez mais gente a viver fora dos principais centros urbanos. É nos subúrbios que a habitação é menos cara. Mas, depois, para o percurso diário de casa para o local de trabalho e regresso, a casa a opção de muitos é o automóvel. Os transportes públicos têm melhorado bastante, são baratos, mas em muitos locais ainda não levam as pessoas a todo o lado com rapidez e proximidade aos locais de trabalho. Nas horas de ponta, é frequente haver queixas de longas esperas nas filas até se conseguir entrar no transporte público.
Números de 2022, dizem que nesse ano havia 7 milhões de automóveis ligeiros a circular nas estradas portuguesas. É como se 68% da população portuguesa tivesse automóvel. Pena é que sejam maioritariamente carros velhos.