A censura nas redes sociais é uma realidade, todos sabemos, muitos de nós já fomos visados pelo censor que, muitas vezes, não passa de um algoritmo. A censura faz-se automaticamente (através do algoritmo) ou na sequência de denúncias.
Os dois casos mais recentes. No primeiro, foi ocultada a fotografia de um jornalista palestiniano ferido, a ser socorrido no hospital, porque “pode ferir a sensibilidade de algumas pessoas”. Um argumento que tresanda a paternalismo cínico. Ocultando a fotografia da vítima, isenta-se o criminoso da crítica da opinião pública. No segundo caso, o artigo em que se denuncia a morte de um médico palestiniano numa prisão israelita foi “enterrada” no feed de conteúdos, de modo a que ninguém veja. Neste caso, o ónus da censura vai para a “tecnologia” que “chegou à conclusão de que esta publicação é semelhante a outras que desrespeitam os padrões”, blá blá blá.
Os dois casos protegem a agressão dos militares israelitas a civis na Faixa de Gaza. Parece evidente que a rede social tomou partido e procura silenciar textos e imagens que denunciem os crimes de guerra de Israel.
A acompanhar o ato censório, a ameaça. porque o respeitinho é muito bonito…
É verdade que o censurado pode reclamar. Trata-se de um recurso minimalista, sem possibilidade de argumentação O esquema baseia-se num pedido de revisão da “sentença” e fica-se à espera. A decisão surge alguns dias depois. Dessa decisão não há recurso possível, exceto se nos quisermos maçar e mover um processo em tribunal contra a Meta, a empresa dona do Facebook. Claro que eles sabem que ninguém vai fazer isso. Exceto organizações que não contam os cêntimos, caso de partidos políticos, por exemplo, que já vivem confortavelmente à conta dos subsídios estatais que lhes engordam contas bancárias, pagam a máquina de comunicação instalada e o alfaiate.
O cidadão comum não tem essas mordomias. As pessoas preferem criar novas contas ou mandar a rede social à fava, até porque há muitas. O Facebook não é a única coca-cola no deserto.
Voltando às decisões sem apelo. Ficamos contentes se o censor reconhecer que errou. E erram tanto. Mas reparem que, mesmo nesses casos de erro assumido, o “cadastro” não é corrigido. Se formos ao histórico das infrações, estão lá todas. O algoritmo é estúpido, mas quem o pariu não anda longe.
Boa noite Carlos Narciso
Afinal houve um pedido de desculpas, pelo que o acto censório deve ser praticado por pessoas, não por fórmulas matemáticas a que a computação apelou. Creio que é mais económico “contratar” o algoritmo para fazer um trabalho rasteiro, até porque, havendo falhas, ele tem as costas largas…
Neste caso é meritória a decisão de assumirem (os censores) o erro e mais seria se corrigissem a classificação do “cadastro”. Afinal desde que há, ou se presume que haja, pluralidade de informação, se um órgão de comunicação não reportar um facto, outros o farão.
E é importante que o façam para humanização das instituições que hoje podem ser essas, amanhã aquelas. Um médico, palestiniano ou outro qualquer, preso, torturado e morto sob acusações de alegado terrorismo agora impossíveis de averiguar, é um violento abuso de poder de elementos de uma força militar que acabam por desprestigiá-la.
E com esse tipo de actuação não vão dissuadir as vozes que falam do extermínio de um povo, vão ajudar a dar-lhes credibilidade.
Espero