Superprodutor lança livro sobre criatividade

Muito se tem escrito sobre criatividade, mas poucos conseguem capturar a sua essência de forma tão envolvente como sucede n’O ato criativo, de Rick Rubin – produtor musical de renome que editou bandas como The Beasty Boys e Public Enemy, que foi fundamental no relançamento de Jonhy Cash, que colaborou com Adele, entre muitos outros artistas. A lista é longa, pois em causa está uma carreira com cerca de quatro décadas.

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Em O ato criativo, o autor apresenta uma série de experiências sobre o processo de criação em geral. Identifica as suas fases, os principais obstáculos, como a falta de inspiração e de motivação, e apresenta um conjunto de estratégias adotadas, tanto pelo próprio, como por outras personalidades, tais como John Lennon, Albert Einstein, entre outros.

Uma das particularidades deste livro, que é um autêntico manual, prende-se com o facto de partilhar uma filosofia de vida que tem uma dimensão espiritual, por vezes com laivos de misticismo – aspeto que poderá não corresponder às expectativas de alguns leitores, mas que é sem dúvida um dos pontos fortes da obra.

Segundo o autor, por exemplo, é preferível apreciar a luz do sol, ao acordar, antes de olhar para a luz do telemóvel; fazer exercício físico, meditar, e até tomar banhos de água fria. O objetivo é criar uma rotina de trabalho eficaz e de acordo com o gosto de cada um.

A ideia de espiritualidade, que em grande parte podemos associar ao budismo, aparece na obra em oposição ao culto da racionalidade: Rubin entende que não é necessário compreender a fundo as coisas para acreditar nelas. Além disso, na sua opinião, a racionalidade coloca muitas vezes as pessoas em becos sem saída, ao contrário da espiritualidade, que é ilimitada e leva à auto-superação.

Outro aspeto interessante é a própria definição de criatividade, que surge aqui não como um privilégio ou um exclusivo de grandes artistas, mas como uma característica comum a todos os seres humanos e à própria natureza. Criar é produzir ou gerar. “Pode ser uma conversa, a solução para um problema, uma mensagem que se envia a um amigo, a mudança de disposição dos móveis de uma qualquer divisão, a escolha de um novo caminho no regresso a casa, para assim evitar o trânsito” (p. 15).

Em relação à produção em si, quando se fala de uma música, de um texto ou de qualquer outra coisa, o processo é visto como uma onda, que se surfa ou não. Não importa se é hora de jantar ou de ir beber café com os amigos, para um profissional como Rick Rubin ou John Lennon, quando a inspiração chega, aproveita-se até ao fim.

Outro aspeto atrativo do livro é a sua linguagem: bastante acessível e com uma caraterística fundamental nos dias de hoje: o texto divide-se em pequenos capítulos ou rubricas temáticas de duas ou três páginas – que permitem uma leitura descontínua, agradável e sem pressões. Basicamente, é um livro para se ir lendo e que está, de facto, adaptado ao ritmo acelerado dos dias de hoje.

Este é sem dúvida um dos melhores livros de 2023.

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