A AD ganhou as ultimas eleições de 10 de março tendo por base um conjunto de promessas difíceis de concretizar. Já no passado, Pedro Passos Coelho mentiu em toda a linha, com promessas que nunca cumpriu. Pelo contrário, agravou de forma substancial o nível de vida de muitos portugueses, desculpando-se com erros terceiros.
O governo tomou posse há escassas duas semanas e já mostrou que as promessas feitas na campanha eleitoral são em boa parte um logro. Tudo vendido e bem embrulhado a uma boa parte do eleitorado, em especial a classe média, mais fustigada pelo IRS, sempre disposta a aceitar genuinamente estes pactos com as elites económicas, como se alguma vez elas estivessem preocupadas com quem vive apenas e só do seu salário.
A situação agudizou-se esta semana, quando o país finalmente percebeu que o prometido “choque fiscal” não passou, afinal, de uma artimanha eleitoralista sem real expressão ao nível da descida do IRS, em face do que já está em vigor para 2024, pela mão de Fernando Medina.
Mas convenhamos esta artimanha não termina aqui. Promete novos embustes.
O programa da AD tem na sua agenda um alivio fiscal para os contribuintes, no valor de 3 000 milhões de euros, durante toda a legislatura. Esta semana, num debate sobre o assunto, o deputado Almiro Monteiro, eleito pelo PSD e membro da Comissão Parlamentar de Orçamento, Economia e Finanças Públicas, instado a pronunciar-se sobre esta dúvida nos números apresentados pela AD no seu programa, afirmava que os valores do alivio fiscal feito pelo anterior governo de António Costa, no montante de 1350 milhões de euros, já estariam incorporados neste valor. Ou seja, quase metade do alivio fiscal da AD para toda a legislatura, devem-se a um governo que já não o é.
Luís Montenegro confrontado com esta posição do seu deputado, escusou-se a confirmar a veracidade da afirmação. Por que razão? Era assim tão difícil esclarecer?
Este governo vai procurar viver sempre na ambiguidade, escondendo as suas reais intenções, pois sabe que elas dificilmente serão bem aceites por uma boa parte do eleitorado, enquanto os jornalistas não forçarem respostas claras, eu diria até provocatórias, para obrigarem o primeiro-ministro e os ministros, em especial o das Finanças, a desmentirem e serem mais claros e concisos.
Todos os partidos fazem promessas nas campanhas eleitorais, as quais nem sempre correspondem depois na prática, àquilo que foi interiorizado pelo eleitorado. Mas números são números. E tentar contorná-los é tarefa inglória.
Fica a mentira, para registo.