Quando a enxada bateu, o agricultor pensou que era mais uma pedra. Mas afastou a terra e surpreendeu-se. Aquilo não era apenas mais uma pedra. Devagar e com cuidado foi afastando mais terra e descobriu um maravilhoso chão de mosaicos. Pareceu-lhe coisa antiga. E tinha razão.
Os especialistas chamaram-lhe um dos maiores tesouros arqueológicos alguma vez encontrados em Gaza. Era um chão de mosaicos da época bizantina, ornamentado com uma variedade de pássaros coloridos e outros animais. O Império Bizantino também conhecido como Império Romano do Oriente, durou de 330 a 1453 d.C. A cidade de Constantinopla, localizada no atual território da Turquia, era a capital administrativa.
E ele que só queria plantar mais uma oliveira.
O achado de Gaza veio comprovar que o cristianismo é alguns séculos mais antigo que o islamismo, naquela região. O sítio merecia proteção e estudos arqueológicos, mas veio a guerra… e as bombas.
Não sabemos se o local foi destruído, mas pelo que temos visto, as esperanças de que esteja preservado são poucas.
Todos os principais sítios históricos de Gaza já foram destruídos. A mais antiga igreja católica de Gaza, a Igreja Ortodoxa de São Porfírio, esteve de pé durante 1.600 anos, até que o exército israelita lhe acertou com vários mísseis. A igreja servia de refugio a centenas de pessoas. Morreram cerca de duzentas, a maioria mulheres e crianças.
A Grande Mesquita de Gaza, construída no século XII, foi destruída em dezembro de 2023. Não é só a destruição de um local de culto, é também a destruição da herança cultural de um povo que está em marcha.
De acordo com fontes palestinianas, aviões de guerra e tanques israelitas bombardearam dezenas de museus desde o início da guerra, incluindo o Museu de Rafa, o Museu Al-Qarara e o Museu Khan Yunis, além de terem destruído a maior parte da Cidade Velha de Gaza, incluindo dezenas de edifícios históricos, como igrejas, mesquitas, museus e sítios arqueológicos. Israel também faz mira a editoras, bibliotecas e centros culturais. Não fica nada de pé.